Plataforma gratuita ajuda quem quer aprender finanças
Confira ainda quais são os principais erros cometidos por pessoas mais jovens na relação com o dinheiro
Em 2022, a redução da renda média da população levou o Brasil a bater recorde de pessoas endividadas. Em setembro, por exemplo, segundo dados do Serasa, 68 milhões de pessoas tinham contas a pagar –indicador que cresceu regularmente em todos os meses de 2022.
Gastos com cartão de crédito (53%), em compras pessoais ou para terceiros, são o grande vilão dos brasileiros. E os jovens, que estão historicamente entre os mais desempregados, foram maioria na criação de novas dívidas e pedidos de renegociação no último ano.
Para Gustavo Maia, orientador financeiro da plataforma Clínicas Financeiras Virtuais, esse cenário se deve à dificuldade histórica do país em ensinar finanças pessoais para os jovens. Segundo ele, os quadros hiperinflacionários antes do Plano Real criaram nas pessoas uma “despretensão sobre o futuro”, na medida em que o dinheiro parado rapidamente perdia valor.
“Falta hoje que as pessoas aprendam a proteger seu dinheiro e conhecer novos instrumentos para isso”, explica o especialista. “Antes, as pessoas só conheciam a caderneta de poupança, por exemplo, mas elas recebiam e precisavam pagar as contas e gastar tudo que tinham. O cenário hiperinflacionário ainda é recente para mudar o comportamento das pessoas.”
A convite do NaPrática, Gustavo Maia explicou nesta semana quais são os principais erros cometidos por pessoas mais jovens na relação com o dinheiro. À nossa reportagem, o orientador apresentou ainda a plataforma Clínicas Financeiras Virtuais, que ajuda pessoas a trabalharem melhor seus recursos. Confira a seguir.
Soluções gratuitas ajudam jovens sem experiência
Embora o termo “finanças” esteja culturalmente associado a grupos de maior poder aquisitivo, organizações como o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) têm buscado criar alternativas e soluções financeiras para pessoas de todas as classes sociais.
Como exemplo desse objetivo, a instituição criou as Clínicas Financeiras Virtuais, uma plataforma que visa auxiliar pessoas a lidarem melhor com seu dinheiro.
Completamente gratuito, o programa funciona com base em orientação individual entre colaboradores do Sicoob e pessoas interessadas em aprender sobre finanças .
Hoje, dezenas de orientadores financeiros estão cadastrados na plataforma para prestar atendimento e tirar dúvidas sobre temas como: orçamento pessoal, orçamento familiar, endividamento, renegociação, imposto de renda, investimento e empreendedorismo.
“Visamos promover cidadania financeira não só para funcionários do Sicoob, mas para a sociedade de modo geral”, explica Gustavo. “As clínicas entram como um apoio a pessoas da sociedade, de forma voluntária e gratuita, para que elas possam entender melhor sua relação com o dinheiro.”
Para se inscrever na plataforma das Clínicas Financeiras Virtuais, basta que a pessoa interessada acesse o site clinicasfinanceiras.institutosicoob.org.br, escolha o orientador ou a orientadora de acordo com o tema que melhor se enquadre no seu objetivo e agende uma conversa.
A partir daí é só acessar a plataforma no dia e horário marcados para dar início ao processo de educação financeira e acompanhar os avanços.
Os principais erros dos jovens ao lidar com dinheiro
Apesar de o tema financeiro gerar mais complicações aos jovens, Gustavo explica que a relação com o dinheiro é uma matéria difícil para a maioria das pessoas. Os erros, segundo ele, ajudam a compreender os limites e orientam mudanças de comportamento.
A dificuldade de compreender a relação entre recursos próprios e recursos provenientes de crédito, na visão dele, é um dos problemas mais comuns nas primeiras operações financeiras das pessoas.
“O que acontece muito com os jovens é a tentação do crédito fácil em que a pessoa pode comprar algo que custa mais do que o salário dela em várias parcelas.”
Na opinião de Gustavo, esse tipo de atitude passa a inchar o orçamento mensal das pessoas e cria uma falsa sensação de poder de compra. Isso porque, na medida em que os juros são cobrados, os produtos e serviços comprados a prazo custam mais no fim das contas.
Em outro ponto, o orientador explica que o hábito de gastar tudo que se ganha precisa ser contornado pelas pessoas, a despeito da dificuldade cultural histórica do Brasil.
“Gastar todo o orçamento ainda é melhor do que ficar no vermelho, com dívidas, mas é importante que você consiga guardar uma parte. Nem sempre a realidade das pessoas é a de poder guardar dinheiro para realizar um sonho a curto, médio ou longo prazo. No entanto, os jovens tendem a ser mais imediatistas e aí eles cometem erros.”