Como melhorar a pronúncia em inglês: 6 dicas e 5 recursos

Para quem quer melhorar a pronúncia em inglês ou treinar o speaking para exames de proficiência

Conteúdo por Estudar Fora
10/12/2021 09:01

Você é alguém que entende inglês quando lê, mas trava um pouco na hora de falar? Se sim, saiba que isso é mais comum do que você imagina. A parte “falada” do inglês é uma das que mais gera dúvidas em quem está estudando a língua, e muita gente procura por dicas para treinar o speaking e técnicas de como melhorar a pronúncia em inglês. E se esse é o seu caso, você está no lugar certo!

Quando o assunto é pronúncia, o professor de inglês Renan Viani considera que “a gente precisa entender que tudo tem solução, mesmo quando parece muito difícil”. Formado em Letras com habilitação em inglês pela FFLCH-USP, ele já teve experiências internacionais no Canadá, na Irlanda do Norte e na Jamaica.

Atualmente, Renan dá aulas de inglês para brasileiros e de português para falantes do inglês, além de gerenciar um perfil no Instagram com dicas para quem está treinando o idioma. E a seguir, listamos algumas dicas gerais de Renan para quem quer melhorar a pronúncia em inglês ou treinar o speaking para exames de proficiência.

“Eu penso que, para melhorar a pronúncia em inglês, a gente precisa pensar em milhares de coisas. Mas a gente precisa pensar, primeiro de tudo, no que afeta a comunicação, tanto para falar quanto para entender”, diz Renan. Por isso, as dicas a seguir giram em torno disso, mais do que fazer você conseguir imitar o sotaque do Harry Potter. Confira!

Dicas para melhorar a pronúncia em inglês

6 dicas e 5 recursos para melhorar o speaking
6 dicas e 5 recursos para melhorar o speaking - Наталия Когут/Pixabay

1 – Acerte os “i”s

Uma diferença importante entre inglês e português é que, de maneira geral, a nossa língua só tem um tipo de “i”. É o som que aparece em palavras como “igualdade”, “música” e “açaí”, por exemplo. Mas em inglês, existem dois sons diferentes de “i”: o “i” curto, que aparece em palavras como live e ship, e o “i” longo, de palavras como leave (sair) e sheep (ovelha).

Segundo Renan, é comum que brasileiros tenham dificuldade em perceber a diferença. No entanto, é muito importante saber diferenciar esses dois sons, porque eles podem mudar o sentido das palavras. Live, por exemplo, significa viver, enquanto leave significa sair! E ship significa navio, mas sheep quer dizer ovelha!

Então se você acabar trocando os “i”s, suas frases podem soar meio confusas para um falante nativo de inglês. E isso nem é o pior! Renan conta que teve um aluno brasileiro que estava vivendo e trabalhando em Londres, e foi procurar por aulas para melhorar a pronúncia por orientação de seu empregador.

Um dos problemas era que ele não conseguia diferenciar bem os “i”s; por isso, em algumas reuniões, em vez de falar “sheet”, ele falava “shit”, um palavrão em inglês, o que causava constrangimento para seus colegas de trabalho. Outro erro possível nesse caso é trocar “beach” (praia) por “bitch” (outro palavrão) — ou seja, é preciso ficar muito atento!

2 – Acerte os Ts

“Às vezes, dois sons numa língua podem ter o mesmo valor, mas em outra língua eles têm valores diferentes”, comenta Renan. Em português, a pronúncia da letra T ajuda a entender esse caso: nas capitais do Sudeste brasileiro, quando o T é seguido de I, ele costuma ser pronunciado como “Tx”: a palavra “tia”, por exemplo, soa como “txia”. Já no Nordeste, esse “chiado” entre o T e a vogal I desaparece. Mas nos dois casos, dá para entender a palavra.

No inglês, porém, esse não é o caso. A palavra tip, na qual o T é pronunciado como o T do Nordeste, tem um significado (“dica”). Já a palavra chip, na qual o “ch” tem o mesmo som do T do Sudeste, tem outro significado (“lasca”).

O mesmo vale para as palavras tin (“latão”) e chin (“queixo”). Em termos sonoros, a única diferença entre as duas é a pronúncia do primeiro som consoante, mas o significado de uma não tem nada a ver com o da outra. Nós não estamos acostumados a perceber essa diferença, já que no Brasil, tanto faz como você pronuncia. Mas em inglês, pronunciar diferente muda o significado, por isso é preciso prestar atenção nesses sons!

3 – Não coloque “i” no fim das palavras

Em português, quando pronunciamos palavras como Facebook, TikTok ou K-Pop, acabamos colocando um “i” no final delas. Facebook vira “feicebúqui”, TikTok vira “Tuiquetóqui” e K-Pop vira “Quei pópi”. “Isso interfere muito na comunicação, porque às vezes a pessoa que está te ouvindo pode achar que é outra palavra”, comenta Renan.

Isso se deve ao fato de que a gente não tem o hábito de pronunciar consoantes no final de palavras. No inglês, porêm, isso é essencial. Palavras como take, break, spit, lap, up e strand todas terminam em consoantes, e é essencial pronunciar essas letras no final para que elas soem naturais a um falante nativo.

4 – Palavras que terminam em M ou N

Para quem quer aprimorar a pronúncia em inglês ou treinar para exames de proficiência.
Para quem quer aprimorar a pronúncia em inglês ou treinar para exames de proficiência. - Banco de imagens | Bigstock @DimaBerlin

Não há muitas palavras em português que terminem em N. Palavras terminadas em M são mais numerosas, mas mesmo no caso delas, não costumamos pronunciar bem o M final. “Amam”, por exemplo, soa mais como “amão” na nossa pronúncia. Por isso, é comum que brasileiros tenham dificuldade com palavras em inglês que terminam em M ou N.

Isso porque os falantes nativos de inglês pronciam essas consoantes finais de maneira bem destacadas. Palavras como Him, Sun, Film ou Can podem soar estranhas se o M ou N finais não forem bem pronunciados. E como nós não costumamos prestar atenção nesse tipo de pronúncia, é comum, segundo Renan, que brasileiros tenham dificuldade em pronunciá-las de uma maneira que fique clara para falantes nativos de inglês.

5 – Sílabas entre palavras diferentes

Em inglês, quando uma palavra termina com som de consoante e a palavra seguinte tem som de vogal, é comum que os dois sons se unam formando uma sílaba nova. Quando um falante de inglês diz algo como take a break, brasileiros podem ouvir algo como “teica breik”.

Não existe, a princípio, nenhuma sílaba “ca” na frase em inglês, mas como a palavra take é seguida por um artigo a, essa sílaba se forma na junção das duas palavras. É o mesmo que acontece, por exemplo, na frase sign a document. Um brasileiro pode ouvir “saina dócument”: o “na” surge do fim de sign com o a que vem a seguir.

Mas de acordo com Renan, é comum que brasileiros não façam essa junção. Em vez disso, pronunciam cada palavra separadamente. E, muitas vezes, colocam um “i” no final das palavras que terminam em consoante. Isso, no entanto, torna muito difícil para que falantes nativos de inglês entendam a frase, e por isso deve ser um ponto de atenção.

6 – Sotaque não tem problema

Como mencionado no início do texto, o objetivo das dicas não é ensinar a falar com o sotaque X ou Y, mas facilitar a comunicação. Renan, que já ouviu (e falou) inglês no Canadá, Jamaica e Irlanda do Norte, conta que é como ouvir diferentes sotaques no Brasil. “Você pode até estranhar um pouco, mas depois você acostuma”.

O mesmo vale para brasileiros que falam inglês. Não há problema nenhum em ter sotaque contanto que a comunicação funcione. “Entender que alguns sons podem ter diferença de sentido é fundamental, mas não quer dizer que você está errado. O importante é achar um meio-termo entre a nossa identidade e ser compreendido”, diz.

Como treinar o speaking de graça

6 dicas e 5 recursos para melhorar o speaking
6 dicas e 5 recursos para melhorar o speaking - Pexels/Oladimeji Ajegbile

Essas dicas são importantes, mas elas valem pouco se você não tiver a oportunidade de colocá-las em prática. E por mais que não haja substituição para aulas de conversação ou cenários da vida real em que falar inglês é necessário, Renan também tem algumas sugestões de apps, sites e outros recursos para ajudar a estudar a pronúncia. Confira:

1 – Dicionários online

Quando o assunto é pronúncia, um dicionário pode não parecer a opção mais adequada para estudar. Mas Renan recomenda as versões online dos dicionários de Cambridge e Merriam-Webster para quem quer treinar o spaeking. Isso porque eles mostram, além da definição da palavra, um clipe de áudio com a sua pronúncia. Eles também mostram a pronúncia da palavra com símbolos fonéticos, o que pode ajudar pessoas que têm uma memória mais visual do que auditiva, segundo Renan.

O Merriam-Webster tem a pronúncia em inglês estadunidense; o de Cambridge, por sua vez, permite ouvir tanto a palavra pronunciada por alguém dos EUA quanto por um falante britânico. E, naturalmente, os dois trazem os significados das palavras da língua inglesa, junto com exemplos de uso. Podem ser acessados tanto pelo computador quanto pelo celular.

2 – Rachel’s English

Canais do YouTube são uma boa ideia para treinar a pronúncia de inglês, na visão de Renan, e o canal chamado Rachel’s English é um dos que ele recomenda para estudantes mais avançados. Trata-se de um canal gerenciado por uma falante nativa de inglês dos Estados Unidos que traz várias dicas de pronúncia e vocabulário para quem que melhorar o speaking.

Muitos dos vídeos dela focam na pronúncia de inglês que aparece em alguns filmes populares, como Nasce Uma estrela e Venom. Fora isso, ela também fala sobre eventos recentes dos Estados Unidos e discute o vocabulário relacionado a eles, e promove algumas aulas ao vivo pelo YouTube. Como ela própria é nativa dos EUA, ela só fala inglês, e ouvir ela falar já é uma maneira de treinar o listening — ainda que isso torne o canal menos acessível para quem está começando.

3 – English in Brazil

Para estudantes de inglês que são iniciantes, o English in Brazil by Carina Fragoso é uma das recomendações de Renan. Carina é formada em Letras com doutorado em linguística pela USP, e em seu canal ela faz vídeos com dicas para todos os aspectos da língua inglesa, incluindo vocabulário e pronúncia.

Por ser um canal feito por uma brasileira, ele consegue ser bem certeiro em algumas dificuldades que são comuns entre os falantes de português que estudam inglês — incluindo alguns dos pontos listados acima. E quando ela vai falar de vocabulário, também usa referências locais e culturais que fazem bem mais sentido para quem fala esse idioma.

 

4 – Música

Renan acredita que é interessante estudar com materiais que ajudem a criar um vínculo positivo com a matéria. E nesse sentido, ele considera que estudar a pronúncia do inglês ouvindo música é uma ótima técnica. “Às vezes o que você pode fazer é pegar o refrão daquela música que você gosta e tirar um dia para ver como ela é pronunciada”, ouvindo-o com a letra da música em mãos, comenta.

Com isso, você não só vai conseguir entender melhor como as pessoas pronunciam palavras e frases em inglês, mas também perceber as particularidades da pronúncia de cada artista. No refrão da música “Champagne Supernova” do Oasis, por exemplo, dá para perceber uma particularidade dos falantes britânicos de inglês: quando há encontro de vogais entre duas palavras diferentes, eles acabam colocando um “r” entre as duas.

Quem gosta de determinados artistas que cantam em inglês também pode procurar no YouTube por entrevistas com eles para ver como eles falam. Foi fazendo isso que Renan descobriu, por exemplo, que a cantora Adele pronuncia o T da palavra city de uma maneira bem peculiar.

5 – Filmes e séries (com ou sem legenda)

Uma dica que frequentemente aparece para quem quer melhorar a pronúncia em inglês é assistir a filmes na língua, e sem legendas. Renan reconhece que isso pode ajudar, mas que não é o caso para todos os estudantes do idioma. E que não tem problema começar estudando com as legendas se isso te ajudar a aproveitar melhor o que você está assistindo.

“Alguns alunos tem mais facilidade para ouvir, mas outros precisam de um apoio, de uma explicação mais explícita em relação às diferenças de pronúncia”, comenta. “Não adianta ver a série sem entender nada, você precisa entender e notar as diferenças”, acrescenta, reforçando que ele próprio, quando começou a estudar inglês, assistia a filmes e séries com legenda mesmo, e foi tirando aos poucos.


Este texto foi publicado originalmente no portal Estudar Fora, da Fundação Estudar.