5 pontos em que o Rock in Rio precisa melhorar e ninguém te conta

De preços abusivos a falta de diversidade racial no público, problemas que o maior festival do Brasil precisa rever

12/09/2022 18:22 / Atualizado em 04/10/2022 20:20

Neste domingo, 11, aconteceu o último dos 8 dias de Rock In Rio 2022, realizados no Rio de Janeiro. O maior festival do Brasil,  apesar de muito bem organizado, ainda tem pontos importantes que precisam ser melhorados para que a experiência do público seja mais positiva e a responsabilidade social de um evento de tamanho porte seja cumprida.

Rock in Rio
Rock in Rio - reprodução/Instagram @rockinrio

1. Alimentação: Preço X Qualidade

Comer em festivais sempre costuma ser mais caro, isso todo mundo sabe. Os motivos que levam a isso também são muitos e questionáveis. Porém, o que chocou no Rock in Rio 2022 foi a falta de qualidade dos alimentos servidos por empresas parceiras do maior festival do Brasil.

Além da polêmica pipoca do Cinemark, vendida a R$ 55, haviam diversas opções disponíveis dentro do festival, mas com certeza, a pizza da Domino’s e o hambúrguer do Bob’s eram os mais pedidos pelo público.

O hambúrguer do Bob’s custava R$ 30 a unidade fora do combo e a pizza brotinho da Domino’s custava R$ 40 cada uma.

O preço exorbitante se tornava ainda mais agressivo quando você recebia os produtos. O hambúrguer era pequeno e mais parecia uma versão da rede de fast food daqueles hambúrgueres congelados que já vem prontos, bastando colocá-lo no microondas. Já a pizza brotinho mais parecia uma esfirra de tão pequena que era.

Pizza brotinho do Rock In Rio
Pizza brotinho do Rock In Rio - Acervo

2. Variedade de bebidas

O Rock in Rio tinha uma variedade razoável de opções de bebidas para o público. Água, refrigerantes, milk shake, chá gelado, suco de uva e pêssego, energético e café. Mas, quando o assunto era bebida alcoólica, aí o maior festival do Brasil ficou devendo.

A única bebida alcoólica vendida no evento era chopp. Não tinha um vinhozinho, um drink com cachaça, vodca que fosse. Nada. Apenas chopp. Se a pessoa quisesse beber algo alcoólico, ou era chopp, ou chopp.

3. As filas

As filas no Rock in Rio eram gigantes. Durante os grandes shows, ou nos intervalos, participar das ativações das marcas do evento era uma missão de guerra e paciência. Longas filas se formavam e em um dia seria impossível participar de três ativações – o que dirá de todas.

Para usar o banheiro, comprar comida e até chegar ao evento, o único jeito de driblar as filas era usar horários alternativos. Ir comer no meio de um show, ir ao banheiro antes de outro acabar e por aí vai.

Se a pessoa fosse fazer o óbvio nos momentos óbvios, realmente ficava difícil. Chegar ao evento 15h, 16h, era uma fila gigantesca pra entrar no evento. Comer quando acabava um show, perto dos horários habituais em que comemos, outra missão quase impossível. Usar os banheiros, que eram muito bem equipados e limpos, num intervalo de grandes atrações, um verdadeiro caos de tanta fila.

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4. Segurança nas áreas de acesso ao Rock in Rio

Acertadamente, o Rock in Rio priorizou o acesso ao festival por transporte coletivo, BRT e ônibus executivos. O transporte por carro foi pensado e uma área exclusiva para carros por aplicativos foi montada.

Ela ficava longe do festival em si. Para chegar lá, era preciso caminhar entre 20 a 30 minutos. Mas esse era o menor dos problemas.

O que precisa melhorar neste aspecto é a segurança do público. O trajeto da saída do Rock In Rio até o ponto onde se chamavam os carros por aplicativo tinha barreiras de contenção ao lado da rua, mas do outro lado, onde havia um barranco, não havia nenhuma proteção que evitasse um acidente.

Trecho do trajeto entre o acesso ao festival e o ponto de chamada de carro por aplicativo
Trecho do trajeto entre o acesso ao festival e o ponto de chamada de carro por aplicativo - Acervo

5. Inclusão com responsabilidade social

Por último, mas não menos importante. Além do maior festival de música do país, um gigantesco evento de entretenimento, o Rock in Rio também tem uma responsabilidade social, já que muito do que é dito ali repercute no país e no mundo.

O próprio festival se coloca neste papel, diversos artistas falam sobre temas relevantes para a sociedade em seus shows. Mas na prática, o que se vê no Rock in Rio é a perpetuação de desigualdades corriqueiras no Brasil.

Enquanto a Ludmilla exibiu ataques racistas que sofre nas redes sociais durante seu show, o festival não tem uma política de inclusão, apenas ingressos caríssimos, fazendo com que a imensa maioria do público fosse de pessoas brancas.

Durante o show em homenagem a Elza Soares, protagonizado por artistas negros, tanto no canto, quanto na banda, chegou a ser bizarro ver o público majoritariamente branco levantando o punho cerrado, que simboliza a luta contra a opressão.

Se não há uma representação social semelhante à da nossa sociedade no festival, fica evidente a falta de política de inclusão. Não adiantam apenas discursos bonitos contra o racismo, pela inclusão social, se na prática o evento é feito e apreciado por aqueles que são os detentores dos privilégios.

Rock in Rio para quem?