7 filmes que envelheceram mal e hoje seriam cancelados
Relembre alguns filmes que até fizeram sucesso, mas que hoje jamais seriam tolerados
Na história do cinema encontramos uma série de produções aclamadas que, com sequências triviais, retratam situações hoje consideradas absurdas. E que sorte a nossa que os tempos mudaram, hein?
Temas sensíveis como cultura do estupro, racismo, machismo, homofobia e gordofobia são implícitos ou escancarados em muitos filmes clássicos, sob a forma de piadas inofensivas ou, pior ainda, como se não fossem um problema.
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Na esteira dessa reflexão crítica, algumas obras perderiam espaço nos dias de hoje, pois não se adequam mais aos valores contemporâneos.
Abaixo, veja alguns exemplos de filmes que enfrentariam grande rejeição atualmente!
1) “Gatinhas e Gatões” (1984)
Neste filme, o personagem Jake (Michael Schoeffling) orquestra uma situação em que Ted (Anthony Michael Hall) acaba na cama com a namorada de Jake, Caroline (Haviland Morris).
Caroline, completamente embriagada, não está em condições de dar consentimento, mas Jake a encoraja dizendo: “divirta-se”.
Ted ainda tira fotos com ela como prova de sua conquista. Quando ela acorda, ele ainda pergunta se ela “gostou”.
Além disso, o personagem Long Duk Dong (Gedde Watanabe), um estudante de intercâmbio, acaba sendo retratado de forma grotesca, reforçando estereótipos asiáticos, inclusive com o uso de um efeito sonoro de gongo toda vez que ele aparece.
2) “O Amor É Cego” (2001)
Nesta história, Hal (Jack Black) só se interessa por mulheres padrões. Até que ele é hipnotizado por um coach e passa a ver a beleza interior das mulheres manifestada na aparência externa.
Então, quando conhece Rosemary (Gwyneth Paltrow), uma mulher com 135 quilos, ele a enxerga como magra e convencionalmente atraente, apaixonando-se instantaneamente. A mensagem do filme é clara: para ser bonita, uma mulher precisa ser magra.
A gordofobia permeia toda a narrativa, especialmente quando os amigos de Hal veem a verdadeira aparência de Rosemary e riem da situação.
Recentemente, a atriz Gwyneth Paltrow expressou arrependimento por ter aceitado o papel no filme.
3) “Ace Ventura” (1994)
Estrelado pelo comediante Jim Carrey, o filme apresenta inúmeras piadas que provavelmente não passariam pela edição nos dias de hoje. Uma delas é particularmente problemática.
Em uma reviravolta na história, o personagem-título descobre que uma mulher com quem ele havia se envolvido é transgênero. A reação exagerada de Ace Ventura à revelação é tratada como uma grande piada, com cenas em que ele escova os dentes freneticamente, queima roupas e chora no chuveiro.
Em 2019, Jim Carrey admitiu a transfobia retratada no filme, afirmando que muitas das piadas ridículas presentes não seriam aceitáveis atualmente.
4) “Bonequinha de Luxo” (1961)
Este clássico protagonizado por Audrey Hepburn utiliza uma técnica cinematográfica racista conhecida como “yellowface”.
O personagem I.Y. Yunioshi, interpretado pelo ator branco Mickey Rooney, é considerado um dos exemplos mais flagrantes de “yellowface” na história do cinema. Rooney usou próteses dentárias, maquiagem escura no rosto e exagerou nos traços estereotipados, perpetuando caricaturas racistas dos japoneses e asiáticos em geral.
Anos depois, o diretor do filme, Blake Edwards, criticou a escolha de elenco, considerando-a um de seus maiores arrependimentos em relação à obra.
5) “A Vingança dos Nerds” (1984)
Embora muitos apreciem esse filme por supostamente dar protagonismo aos nerds de Hollywood, não se pode ignorar a cultura do estupro, racismo e homofobia presentes na trama.
No clímax do filme, o nerd Lewis (Robert Carradine) presencia sua paixão, Betty (Julia Montgomery), brigando com seu namorado Stan e decide aproveitar a “oportunidade”.
Lewis, então, rouba a máscara do Darth Vader de Stan e segue Betty até um parque de diversões, onde eles iniciam uma relação sexual. Quando Betty pede que ele tire a máscara, ele se recusa, mas depois revela que não é Stan. Além disso, os nerds também vendem fotos de Betty nua.
Em uma entrevista à revista GQ no 35º aniversário da comédia, em 2019, o diretor Jeff Kanew e o escritor Steve Zacharias discutiram a polêmica cena de estupro do filme. Zacharias afirmou que lamenta a inclusão da cena, enquanto Kanew concordou com a problemática e disse que, se fosse sua filha, ele não gostaria.
Além disso, assim como em muitos outros filmes dos anos 80, há um personagem asiático que mal fala inglês e reforça estereótipos. Fora o personagem Lamar, que acaba retratado através de muitos estereótipos gays.
6) “Ela é Demais” (1999)
Esta comédia romântica é um clássico dos anos 90, que narra a história de um rapaz que aposta ser capaz de transformar qualquer “garota pouco atraente” em uma rainha do baile.
A protagonista Laney Boggs (Rachael Leigh Cook) é alvo de zombarias em relação à sua aparência e personalidade e, sem saber da aposta, ela acaba por mudar completamente para impressionar o rapaz (Freddie Prinze Jr.).
Essa premissa é problemática, pois coloca os padrões de beleza masculinos e a percepção de como uma mulher deve se comportar no centro do romance.
O filme traz a ideia de que uma garota se torna bonita ao retirar os óculos, mudar o cabelo e usar roupas sensuais. Abordagem esta, inclusive, que acabava sendo amplamente explorada em filmes das décadas de 80 e 90.
Além disso, em uma cena, uma tentativa de abuso sexual acaba retratada como uma simples piada.
7) “…E o Vento Levou” (1939)
Mesmo sendo considerado um marco na história do cinema, não dá para ignorar um grande problema presente neste filme.
Vencedor de oito Oscars, o filme se passa durante a Guerra Civil americana e conta a história de Scarlett O’Hara (Vivian Leigh), uma sulista rica pertencente a uma família tradicional que possuía muitos escravos.
A trama retrata os Confederados, um grupo de soldados dos estados do sul que lutaram para manter a escravidão na década de 1860, como heróis. Naquela época, o sul dos Estados Unidos dependia do cultivo de algodão, atividade realizada pelos escravos que enriqueciam os grandes fazendeiros, como a família de Scarlett O’Hara.
Além disso, o filme retrata os escravos como pessoas felizes e leais a seus proprietários, ignorando as condições brutais em que viviam.
É importante analisar esses filmes sob uma perspectiva crítica e reconhecer os problemas que eles apresentam, considerando as mudanças culturais e sociais que ocorreram desde então.
A sociedade atual busca maior inclusão, respeito e representatividade em suas produções cinematográficas, deixando para trás estereótipos prejudiciais e cenas que reforçam opressões históricas.