A caçada por Bin Laden: série da Netflix expõe a operação que mudou a história dos EUA

Série documental mostra como a CIA localizou o esconderijo do terrorista e como a elite da Marinha americana planejou o ataque

31/05/2025 12:02

Mais de uma década após o maior atentado terrorista da história dos Estados Unidos, a Netflix lança um documentário que reconta com riqueza de detalhes a jornada de inteligência, tensão política e ação militar que culminou na morte de Osama Bin Laden. Com três episódios, a série documental “Procurados – EUA: Osama Bin Laden” já figura entre os títulos mais assistidos da plataforma, revelando conversas com agentes de elite, bastidores da Casa Branca e a operação que selou o destino do fundador da Al-Qaeda.

A produção mergulha nos caminhos percorridos pelo governo norte-americano ao longo de quase dez anos de investigações — do trauma do 11 de setembro até o momento em que um grupo de elite da Marinha dos EUA invadiu o esconderijo de Bin Laden no Paquistão. A seguir, os principais pontos abordados pela série.

A caçada por Bin Laden: série da Netflix expõe a operação que mudou a história dos EUA
A caçada por Bin Laden: série da Netflix expõe a operação que mudou a história dos EUA - Reprodução/Netflix

Dez anos entre o atentado e a morte do terrorista

  • Os ataques de 11 de setembro de 2001 deixaram quase 3 mil mortos e um rastro de terror e luto nos Estados Unidos. A resposta do governo americano foi declarar uma “guerra ao terror”, que incluía como prioridade máxima a captura de Osama Bin Laden.
  • Apesar das buscas intensas ao longo da administração Bush, foi apenas com a posse de Barack Obama, em 2009, que a caçada ao líder da Al-Qaeda ganhou um novo ritmo. O presidente recém-eleito ordenou que a CIA redobrasse os esforços para localizar o paradeiro de Bin Laden, tornando essa missão o foco principal da agência de inteligência.
  • O então novo diretor da CIA, Leon Panetta, assumiu o compromisso como prioridade máxima, o que se tornaria o ponto de partida para os acontecimentos que viriam nos dois anos seguintes.

O rastro do mensageiro e o esconderijo em Abbottabad

  • A investigação ganhou tração com a identificação de Abu Ahmed, considerado um mensageiro de confiança de Bin Laden. Acreditava-se que, ao localizar Ahmed, seria possível chegar ao esconderijo do terrorista.
  • Informações cruciais vieram a partir do interrogatório de Khalid Sheikh Mohammed (KSM), um dos mentores do 11 de setembro, detido na prisão de Guantánamo. KSM havia instruído seus colegas de cela a não falarem com os americanos sobre Ahmed — o que levantou ainda mais suspeitas sobre sua importância.
  • As conversas dos detentos estavam sendo secretamente monitoradas. Em determinado momento, os agentes da CIA interceptaram uma ligação feita por Ahmed. Ele foi localizado dirigindo uma SUV branca, que foi seguida até uma imponente mansão em Abbottabad, no Paquistão.
  • O local chamou a atenção imediatamente: muros altos, arames farpados, ausência de sinais de renda por parte do morador, e uma estrutura arquitetônica voltada para evitar qualquer exposição. A mansão não batia com os padrões típicos da vizinhança — um detalhe que aumentou as suspeitas de que ali poderia estar alguém importante.

A confirmação de identidade e os treinos para a operação

  • A vigilância sobre o imóvel durou meses. Um dos métodos utilizados para tentar confirmar se Bin Laden realmente vivia ali foi observar a sombra projetada por um homem que caminhava rotineiramente no jardim da casa. A altura e os movimentos do indivíduo coincidiram com os de Bin Laden.
  • Para reforçar a análise, a CIA entrou em contato com um jornalista que havia entrevistado Bin Laden no passado, pedindo acesso às filmagens. O cruzamento das imagens indicava: o passo era o mesmo. Estavam no caminho certo.
  • A preparação da operação foi meticulosa. Em abril de 2011, o grupo de elite da Marinha conhecido como Seal Team 6 começou os treinos para invadir a mansão. A CIA construiu uma réplica do complexo na Carolina do Norte para simular todos os cenários possíveis de invasão.
  • Durante cerca de um mês, os soldados refizeram diversas vezes os exercícios, consertando muros destruídos para repetir as táticas até a perfeição. O objetivo era estar prontos para qualquer imprevisto.

Nos bastidores da decisão

  • Enquanto a missão se aproximava, as autoridades americanas enfrentavam enorme pressão. Os relatos reunidos no documentário mostram como o clima nos bastidores da Casa Branca era de tensão máxima.
  • Michael Morell, vice-diretor da CIA, revela que a missão chegou a afetar sua vida pessoal — inclusive com a esposa furiosa por ele não comparecer a eventos da família, como a apresentação escolar da filha.
  • Já Rob O’Neill, um dos integrantes da Seal Team 6, escreveu à mão cartas de despedida para seus filhos antes de embarcar. Sabia que não havia garantias de retorno.
  • Na Casa Branca, Barack Obama tentava conter o nervosismo jogando cartas, enquanto seus conselheiros, como Ben Rhodes, lembravam onde estavam no dia dos atentados de 2001. A memória coletiva pesava sobre a sala.

A operação final e a morte de Bin Laden

  • Na madrugada de 2 de maio de 2011, os helicópteros da Seal Team 6 chegaram ao complexo. A entrada não foi simples: um dos soldados relata que soube estar em um local incomum quando encontrou uma porta falsa em um muro de concreto, dizendo: “Ninguém faz isso!”
  • Ao avançarem na mansão, os soldados encontraram mulheres posicionadas como escudos humanos, reforçando que estavam perto do alvo. Pouco depois, se depararam com um homem de aparência familiar.
  • O agente responsável pelo disparo fatal relatou que reconheceu Bin Laden imediatamente pelo formato do nariz, embora o terrorista estivesse mais magro e mais alto do que imaginava.
  • A missão foi concluída em questão de minutos. Os Estados Unidos finalmente eliminaram o homem mais procurado do mundo, pondo fim a uma caçada que durou quase uma década.

Justiça para as vítimas e o impacto histórico

  • Leon Panetta, em seu depoimento no documentário, afirma que a morte de Bin Laden representou uma forma de justiça às vítimas do 11 de setembro. Segundo ele, foi a conclusão de um capítulo doloroso da história americana.
  • A série documental da Netflix reconstitui esse momento com profundidade, combinando relatos inéditos, reconstituições dramáticas e o olhar interno de quem tomou decisões decisivas nos bastidores da maior operação antiterrorista da história moderna.