A diferença entre Sara Winter e Felipe Neto no caso da menina estuprada
Enquanto a extremista condenou o aborto e só propagou o caos, o youtuber ofereceu ajuda e propôs ações efetivas no caso
As redes sociais estão pegando fogo desde domingo, 16, quando uma menina de 10 anos que foi estuprada e engravidou conseguiu que um hospital realizasse o procedimento de aborto. Motivados pela extremista Sara Winter, que divulgou os dados da criança nas redes, outros extremistas religiosos se reuniram em frente ao hospital onde seria realizado o procedimento, e gritaram palavras de ordem contra o médico e contra a criança.
Em contrapartida, deu-se início nas redes sociais a um movimento em favor da saúde da menina e do direito dela em abortar. O youtuber Felipe Neto foi um dos que se mobilizou, e se mostrou disponível para ajudar a criança.
Vamos comparar as atitudes de ambos:
- Klara Castanho chora na TV ao falar sobre estupro
- Menina de 27 dias morre após ser estuprada; Pai foi preso no enterro
- Felipe Neto cobra posicionamento de Anitta após Grammy e leva unfollow
- Mulher é presa por acobertar estupro da filha de 3 anos no RJ
Felipe Neto
Em duas publicações no Twitter, o youtuber (1) exigiu que o pedófilo estuprador seja preso e pediu para que a sociedade acompanhe o caso, para que ele tenha “a pena mais dura possível”. Em outro momento (2), ele se oferece para pagar integralmente os estudos da menina até ela completar 18 anos de idade.
(1) “Precisamos acompanhar e exigir a pena mais dura possível para o pedófilo estuprador. Sabemos que o punitivismo não necessariamente soluciona a marginalidade, mas casos como esse são didáticos e a impunidade é ainda pior. Este monstro não pode conviver em sociedade”.
https://twitter.com/felipeneto/status/1295200327545901058
(2) “Não consigo parar de pensar na menina. Alguém da família, por favor, entre em contato pelo email da minha bio. Eu me disponho a arcar com todos os custos de educação dela até o fim da faculdade. Num mundo de injustiças e desigualdades, que ela possa receber a melhor arma possível”.
https://twitter.com/felipeneto/status/1295204507224346624
Sara Winter
Também no Twitter, a extremista Sara Winter não demonstrou preocupação com o estado de saúde física ou mental da criança, chegando a (1) expor os dados da menor de idade, e (2) preocupando-se mais com o aborto do que o estuprador. Sara Winter não propôs nenhuma ação efetiva para ajudar a criança, e (3) limitou-se a dizer que “agora é cuidar do psicológico dela”, mas não mobilizou ninguém para ajudar, nem propôs alguma solução.
(1) Sara Winter divulga dados de menina estuprada que espera por aborto (leia aqui)
(2) “A menina foi estuprada por 4 anos pelo tio. Está grávida de uma menina de 5 meses de gestação. Mesmo sendo ilegal, a levaram p outro estado para introduzirem abortivos em sua vagina para estimular um parto prévio para que o bebê venha a óbito antecipadamente. Quanta tristeza”.
https://twitter.com/SaraWinter_/status/1295086000180465664
(3) “A bebê foi assassinada. Fontes do hospital comunicam que foi injetado KCL em seu coração. Agora a pobre menina de 10 anos será submetida ao parto do bebê morto. Quanta tristeza. Agora é cuidar do psicológico dela. Mas pelo menos mostramos que calados não ficaremos”.
https://twitter.com/SaraWinter_/status/1295171516485730304
De que lado você está?
Uma só gritou. Gritou, promoveu o caos, divulgou dados pessoais de uma menina de 10 anos e parabenizou a aglomeração de religiosos em volta de um hospital, em plena pandemia do novo coronavírus, que estavam atacando um médico e a própria criança.
De outro lado, um youtuber, disposto a ajudar a criança e propondo que o criminoso seja punido de forma dura.
Escolha seu lado.
Como denunciar casos de abuso infantil e como orientar a criança
Casos como o desta menina de 10 anos, abusada pelo próprio tio, infelizmente não são raros no Brasil. O Disque 100 recebe milhares de denúncias por ano, mas sabemos que esses dados não estão nem perto da realidade, uma vez que ainda é difícil ter estatísticas que realmente abranjam o problema de forma real.
Isso se dá por inúmeros fatores como, por exemplo, pelo preconceito e pelo silêncio das vítimas (que às vezes não entendem o que está acontecendo com elas) e pela “vergonha” e falta de informação sobre o assunto de familiares.
Reconhecer os tipos de abusos e saber orientar as crianças é fundamental. Veja aqui como fazer isso.