A história real por trás do filme ‘A Sociedade da Neve’, da Netflix
O longa retrata como os sobreviventes da queda do voo 347, na Cordilheira dos Andes, esperaram 72 dias por resgate
O filme “A Sociedade da Neve” chegou na Netflix no dia 4 de janeiro e, desde então, tem estado no top 10 dos filmes mais assistidos do streaming.
O longa já rendeu indicações ao Oscar 2024, nas categorias de “Melhor Filme Internacional” e “Melhor Maquiagem e Penteado”. E também disputou o Globo de Ouro, na categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”.
Com direção de Juan Antonio Bayona, o longa retrata a história real da queda de um avião que colidiu com uma geleira no coração de Andes.
A aeronave voava de Montevidéu, no Uruguai, com destino a Santiago, no Chile, levando o time de rugby uruguaio Old Christians, do colégio Stella Maris, para uma competição no Chile, além de amigos e familiares do grupo.
A história real retratada no filme “A Sociedade da Neve”
O voo 571 da Força Aérea Uruguaia, fretado para levar um time de rugby ao Chile, no dia 13 de outubro de 1972, caiu no coração dos Andes. As condições climáticas e um erro de pilotagem fizeram a aeronave se chocar com uma montanha e quebrar em duas partes.
O avião transportava 45 pessoas, sendo que apenas 29 sobreviveram à colisão e, por fim, 16 voltaram para casa.
Antes do resgate, que só ocorreu após 72 dias, os sobreviventes ficaram presos em um dos ambientes mais hostis do planeta e tiveram que recorrer a medidas extremas para sobreviver ao frio.
As temperaturas eram de aproximadamente -30°C, com risco de congelamento e falta de comida. Seis pessoas morreram soterradas nos dias seguintes e, após uma avalanche, mais sete morreram.
As vítimas que restaram chegaram a encontrar alguns mantimentos no avião, mas não durou muito tempo. Então, começaram a buscar meios de se alimentar, se hidratando com água derretida da neve e, um tempo depois, com a carne dos cadáveres no local.
A decisão de se alimentar dos mortos veio a partir de um pacto coletivo no qual todos concordaram que, caso não resistissem, cederiam seus corpos para ajudar na sobrevivência dos outros.
Como foi o resgate?
Após dois meses do acidente, sem esperanças de resgate, dois sobreviventes que ainda conseguiam andar, saíram em busca de ajuda.
Cerca de 60km depois, aproximadamente 10 dias andando na neve e escalando montanhas, a dupla encontrou um homem e pediu ajuda ao restante do grupo.
Nos dias seguintes, um helicóptero apareceu para resgatar os 16 sobreviventes, exatos 72 dias depois do acidente de avião. Devido às condições, o resgate durou dois dias.
Como surgiu a ideia de tornar o caso um filme?
A produção foi inspirada no livro “La sociedad de la nieve: Por primera vez los 16 sobrevivientes de los Andes cuentan la historia completa” (2008), do jornalista e escritor Pablo Vierci, amigo de infância das vítimas do acidente.
Pablo tinha 22 anos quando seus amigos e companheiros de rugby sumiram por 72 dias, vítimas do acidente de avião. O livro relata como os 16 sobreviventes conseguiram enfrentar e aguentar firme até o resgate, em um dos ambientes mais inóspitos do planeta.
O filme de Juan Antonio Bayona tem roteiro de J.A. Bayona, Nicolas Casariego e Jaime Marques. O diretor do longa trabalhou com os sobreviventes da história real, que compartilharam suas memórias para garantir que o filme fosse o mais preciso possível.
O elenco é composto por Enzo Vogrincic (Numa Turcatti), Agustín Pardella (Nando Parrado), Matías Recalt (Roberto Canessa), Esteban Kukuriczka (Fito Strauch), Rafael Federman (Eduardo Strauss) e Valentino Alonso (Pancho Delgado).
Um dos atores do filme, Carlitos Páez, interpreta o próprio pai no longa. O elenco passou parte das filmagens na neve, sentindo frio e fome, para tentar vivenciar os desafios que os sobreviventes tiveram que enfrentar. Além disso, alguns sobreviventes reais da tragédia fizeram participações especiais no filme.