Anitta relata sobre estupro aos 14 anos: ‘Eu tinha medo dele’
"Faz muito pouco tempo que eu parei de achar que isso é culpa minha", disse a cantora
Na madrugada desta quarta-feira, 16, estreou o documentário “Anitta Made in Honório” e em um dos relatos da cantora ela revelou que sofreu estupro quando tinha apenas 14 anos de idade.
O relato da cantora aparece no primeiro episódio do documentário, que está dividido em seis partes.
“Eu nunca expus isso em público. Eu sempre me coloquei numas relações meio abusivas e, quando eu tinha 14 pra 15 anos, eu conheci uma pessoa. Eu tinha medo dele. Ele era autoritário comigo, falava de forma autoritária. Eu não sei, eu era diferente quando eu era adolescente, eu não era do jeito que eu sou hoje em dia. Ele estava muito nervoso, muito estressado, e eu estava com bastante medo das reações dele quando ele estava estressado, e eu acabei perguntando se ele queria ir pra um lugar só nós dois”, conta Anitta.
“Rapidamente, na mesma hora, ele parou o estresse dele e perguntou se eu tinha certeza. Eu falei que sim. Mas hoje eu tenho plena certeza que eu falei sim porque eu estava morrendo de medo do estresse dele”, continuou.
“Quando cheguei lá, eu realizei que não era certo eu fazer aquilo por medo nem nada. E falei que não queria mais. Mas ele não ouviu. Ele não falou nada. Só seguiu fazendo o que ele queria fazer. Quando ele acabou, ele saiu, foi abrir uma cerveja e fiquei olhando pra cama cheia de sangue”, recorda a cantora, chorando muito.
“Faz muito pouco tempo que eu parei de achar que isso é culpa minha, que eu parei de achar que eu causei isso pra mim. E eu sempre tive medo do que as pessoas iam falar. Como ela pode ter sofrido isso e hoje ser tão sexual, ser tão aberta? Eu não sei”, revela.
A artista ainda disse que foi a partir desse episódio que a personagem Anitta foi criada.
“O que eu sei é que eu peguei isso que eu vivi e transformei em uma coisa pra me fazer sair por cima, pra me fazer sair melhor. Pra todos vocês que se perguntam de onde nasceu Anitta, nasceu daí. Da minha vontade e necessidade de ser uma mulher corajosa que nunca ninguém pudesse machucar, que nunca ninguém pudesse fazer chorar, que nunca ninguém pudesse magoar. Que sempre tivesse uma saída pra tudo. Foi daí que criei essa personagem aí.”
Miriam Macedo, mãe da cantora explicou antes do relato da cantora que “a Larissa [nome de batismo de Anitta] é frágil, não é essa poderosa, que é a Anitta.”
“Quando o artista quer vencer e está batalhando pra ser alguém, ele tem muitos obstáculos, muitas coisas que fazem querer desistir. Eu via ela triste de vem em quando, eu via ela chateada de vez em quando. Mas pra mim, era aquilo, as coisas que ela não conseguia”, falou a mãe de Anitta, que a apoia desde o início de tudo.
Renan Machado, irmão da cantora, também deu seu relato sobre o o ocorrido e ainda contou sobre momento em que Anitta resolver abrir a história para a família. “Faz muito pouco tempo, ela chamou eu, meu pai e minha mãe pra conversar. Ela pediu pra que a gente nem olhasse pra ela, que a gente só escutasse o que ela tinha pra falar, porque ela estava começando a se boicotar, não comer, não estar feliz, e criar defesas dentro dela pra suportar esse segredo. Então ela resolveu botar isso pra fora, nos contar.”
Como agir em caso de estupro
Se você for vítima de estupro ou estiver auxiliando uma pessoa que tenha sido estuprada, os passos a serem seguidos são um pouco diferentes das dicas gerais fornecidas anteriormente.
É importante lembrar que o crime de estupro é qualquer conduta, com emprego de violência ou grave ameaça, que atente contra a dignidade e a liberdade sexual de alguém. O elemento mais importante para caracterizar esse crime é a ausência de consentimento da vítima. Portanto, forçar a vítima a praticar atos sexuais, mesmo que sem penetração, é estupro (ex: forçar sexo oral ou masturbação sem consentimento).
Uma pessoa que tenha passado por esta situação normalmente encontra-se bastante fragilizada, contudo, há casos em que a vítima só se apercebe do ocorrido algum tempo depois. Em ambos os casos, é muito importante que a vítima tenha apoio de alguém quando for denunciar o ocorrido às autoridades, pois relatar os fatos costuma ser um momento doloroso. Infelizmente, apesar da fragilidade da vítima é importante que ocorra a denúncia para que as autoridades possam tomar conhecimento do ocorrido e agir para a responsabilização do agressor.
Antes da reforma do Código Penal em setembro de 2018, alguns casos de estupro só podiam ser denunciados pela própria vítima. Isso mudou, o que significa que se outra pessoa denunciar um estupro e tiver provas, o Ministério Público poderá processar o caso mesmo que o denunciante não tenha sido a própria vítima. Saiba como denunciar casos de assédio sexual ou estupro.