As decisões de Joel em The Last of Us: certo ou errado?

Desde o lançamento do jogo, The Last of Us nunca deixou de provocar discussões intensas sobre os rumos da história e, principalmente, sobre as decisões de Joel. O personagem, que conquistou muitos pela sua humanidade, também levanta debates por atitudes consideradas extremamente questionáveis — e que ganharam ainda mais repercussão com a adaptação da história para a série da HBO.

A polêmica sobre as escolhas de Joel voltou a crescer, especialmente após eventos exibidos no 6º episódio da segunda temporada. Afinal, ele é um sobrevivente agindo por amor e autopreservação ou alguém que cruza limites éticos inaceitáveis? A própria comunidade de fãs, que acompanha a história há anos, não chega a um consenso sobre essa questão.

Para quem não lembra de cada momento que colocou Joel no centro de tantas controvérsias, reunimos os principais deles, que seguem dividindo opiniões na internet e até entre os próprios criadores do universo de The Last of Us.

A matança no hospital: o final que mudou tudo

• Na primeira temporada da série, Joel toma uma das decisões mais impactantes e polêmicas de toda a trama. Ao descobrir que Ellie seria submetida a uma cirurgia capaz de criar uma possível cura para a infecção — mas que resultaria na morte dela —, ele escolhe não permitir que isso aconteça.
• Para impedir o procedimento, Joel mata sem hesitar todos os médicos envolvidos, além de diversos membros do grupo dos Vagalumes. A decisão foi motivada pelo medo de perder Ellie, a quem ele já enxergava como uma filha.
• A grande questão que surge é: vale a pena sacrificar uma vida para salvar potencialmente milhares? Muitos fãs acreditam que Joel agiu de forma egoísta, colocando seus sentimentos acima do bem coletivo. Outros defendem que, diante das incertezas sobre a eficácia da cirurgia, ele fez o que qualquer pessoa faria por quem ama.
• A dúvida sobre a real chance de sucesso da cirurgia foi esclarecida anos depois pelo próprio criador do jogo e da série, Neil Druckmann. Em entrevista ao podcast Sacred Symbols, ele confirmou que sim, a cura teria funcionado. Uma revelação que reacende e até intensifica o debate.

O caso Eugene: mais uma decisão controversa

• Na segunda temporada, outro episódio envolvendo Joel reacende discussões sobre seus limites e princípios. O público descobre, no 6º episódio, que Joel matou Eugene, um dos moradores de Jackson, que havia sido mordido por um infectado.
• Eugene, mesmo sabendo que tinha poucas horas de vida, ainda estava consciente e pediu como último desejo a chance de se despedir da esposa, Gail. Ellie apoiou o pedido, acreditando que ele deveria ter essa oportunidade.
• Joel inicialmente finge aceitar o pedido, mas pede que Ellie siga sozinha até os cavalos, enquanto ele “cuida” da situação. Nesse momento, Joel mata Eugene, quebrando a promessa que fez à garota e contrariando sua vontade.
• Ao retornar para Jackson, Joel mente para Gail, dizendo que Eugene tirou a própria vida. No entanto, a verdade vem à tona quando Ellie, revoltada, conta que foi Joel quem o matou. Isso gera um profundo rancor de Gail em relação a ele

Afinal, Joel estava certo?

• Assim como aconteceu no final da primeira temporada, essa decisão de Joel também gera reações divididas. Parte dos fãs acredita que Eugene, consciente e com poucas horas restantes, merecia se despedir da esposa.
• Por outro lado, há quem defenda que Joel tomou a decisão mais sensata e coerente dentro das regras daquele mundo. Levar um infectado, ainda que lúcido, de volta à comunidade poderia representar um risco gigantesco.
• Mesmo nos estágios iniciais, a infecção pelo Cordyceps torna qualquer pessoa um vetor de perigo, já que os infectados são capazes de atrair outros através de conexões biológicas.
• Além do risco direto, há a regra clara dentro de Jackson: qualquer pessoa infectada deve ser eliminada para preservar a segurança coletiva. Nesse contexto, Joel cumpriu um protocolo, ainda que de forma dura e sem permitir uma despedida.
• No fim das contas, as atitudes de Joel seguem sendo analisadas sob diferentes óticas: o olhar da razão, da ética e, principalmente, do amor e do apego, que fazem parte de sua jornada desde o começo.