Ator Otávio Martins denuncia ataque homofóbico em restaurante de SP
O estabelecimento teria se negado a falar o nome do agressor por se tratar de um "cliente fiel"; Le Jazz nega e diz que está à disposição dos clientes
Otávio Martins relatou que um amigo foi vítima de homofobia em um restaurante em São Paulo na noite da última sexta-feira, 11. “Covardemente atacado, mas o gerente e os garçons se negaram a ajudar ou chamar a polícia”, denunciou o ator pelas redes sociais. O restaurante Le Jazz Brasserie se pronunciou sobre o ocorrido neste sábado, 12, e disse que “repudia qualquer tipo de violência ou discriminação e não compactua com os atos de homofobia relatados”.
“Eu não piso nunca mais no restaurante Le Jazz, em São Paulo. Não só pela comida ruim: ontem um amigo foi vítima de homofobia por um cliente ‘da casa’, covardemente atacado, com testemunhas, mas o gerente e os garçons se negaram a ajudar ou chamar a polícia”, escreveu o intérprete do vilão de “As Aventuras de Poliana”.
“Pior: o homem começou a jogar garrafas de vidro no chão, para atacar meus amigos, com estilhaços atingindo outros clientes. Um dos atingidos foi pra cima do cara, saíram na porrada. Todos os clientes testemunharam a covardia do homofóbico e a inércia dos funcionários do Le Jazz”, continuou.
- O que se sabe sobre o barbeiro que agredia gays e grava ataques no Rio
- Roberto Jefferson é multado em R$ 31,9 mil por declarações homofóbicas
- Carmo Dalla Vecchia denuncia homofobia após vídeo com filho
- Candidato a deputado faz comentário homofóbico sobre Jesuita Barbosa
“Para piorar, o homem estava claramente alcoolizado e, mesmo assim, o restaurante entregou as chaves do carro pro cara, que saiu cantando pneu”, contou. Ao perguntarem o nome do cliente, o gerente se negou a dar porque é “cliente fiel”.
“E tem mais: quando meu amigo pegou o celular para chamar a polícia, foi cercado por dois garçons que tentaram impedir que ele chamasse ajuda, pra não prejudicar a imagem do restaurante e do agressor!”, prosseguiu com o relato.
“Quando descobrir o nome do homofóbico, vou postar aqui junto com a cara dele. Isso tudo ocorreu ontem à noite, por volta das 21h30. Mesmo sabendo o nome de seu cliente homofóbico, o restaurante se nega a divulgar”, afirmou Martins.
O artista prometeu postar as imagens da agressão, que teria sido gravada por outros clientes. O ator ainda divulgou a placa do carro usado pelo homem e disse que ele estava acompanhado de uma mulher.
Pronunciamento do restaurante Le Jazz Brasserie na íntegra
O Le Jazz Brasserie repudia qualquer tipo de violência ou discriminação e não compactua com os atos de homofobia relatados na noite de ontem (11/03), em nossa unidade de Pinheiros. Pedimos desculpas a todos os clientes envolvidos, aos que presenciaram a cena e também aos frequentadores habituais da casa.
O respeito à diversidade e o combate a qualquer forma de discriminação são princípios que guiam nosso trabalho, seja na seleção da equipe ou no atendimento aos clientes. Após apurar o ocorrido, gostaríamos de esclarecer: Ao contrário do afirmado, o agressor não é frequentador assíduo da casa e não recebeu cobertura da nossa equipe. Antes do ocorrido, ao verificar que ele estava excessivamente alcoolizado, paramos de servir bebidas a ele e trocamos o cliente de mesa, para evitar qualquer conflito físico ou verbal. Por fim, pedimos que o agressor se retirasse do estabelecimento e, uma vez do lado de fora, ele seguiu com as agressões, sendo contido por nosso segurança;
– A polícia compareceu ao restaurante depois de ser chamada pelo cliente agredido e não impedimos, em momento algum, que ela fosse acionada ou intervimos para que se retirasse sem solucionar a ocorrência;
– Seguimos tentando, com afinco, entrar em contato com o cliente agredido, para que possamos nos retratar pessoalmente, dar todo o respaldo, inclusive jurídico, e entender a versão dele sobre o desenrolar dos fatos;
– Reafirmamos que nossa equipe tomou as medidas que estavam ao seu alcance para controlar a situação, de forma a garantir a integridade do cliente agredido e dos outros presentes na unidade;
– Mesmo com o cliente agressor alcoolizado, o manobrista não pode se negar a entregar o carro, sob o risco de incorrer em apropriação indébita, por tratar-se de um bem entregue em depósito;
– Em 12 anos de história, nunca tivemos nenhuma outra situação semelhante. Reafirmando nosso compromisso a diversidade, um de nossos pilares, reforçamos nosso programa de combate à homofobia, com treinamentos específicos para a equipe sobre como lidar com casos como este e novas sinalizações nas lojas para os frequentadores.
– Pedimos que clientes presentes ou envolvidos entrem em contato conosco através do telefone (11) 98207-6575 ou do e-mail [email protected] para que possamos possamos nos retratar pessoalmente e prestar todo o auxílio necessário, inclusive na esfera judicial.
Homofobia é crime
Desde junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de homofobia deve ser equiparado ao de racismo.
Em alguns casos, a discriminação pode ser discreta e sutil, como negar-se a prestar serviços. Não contratar ou barrar promoções no trabalho e dar tratamento desigual a LGBT são atos homofóbicos também.
Mas muitas vezes o preconceito se torna evidente com agressões verbais, físicas e morais, chegando a ameaças e tentativas de assassinato.
Qualquer que seja a forma de discriminação, é importante que a vítima denuncie o ocorrido. A orientação sexual ou a identidade de gênero não deve, em hipótese alguma, ser motivo para o tratamento degradante de um ser humano.