“‘Cantando na Chuva’ tem uma magia incrível”; Lucas Romano lista 5 filmes que marcaram sua vida

Por: Fernanda Miranda

Cantando na Chuva” é um clássico musical de 1952 que foi dirigido por Gene Kelly e Stanley Donen e protagonizado por Kelly ao lado de Donald O’Connor, Jean Hagen e Debbie Reynolds. O filme, ambientado em Hollywood dos anos 20, mostra dois astros do cinema mudo que, com a chegada do som, são obrigados a transitar suas carreiras para o cinema falado.

Assim como Gene Kelly, o ator paulistano Lucas Romano, de 25 anos, sonha em se consolidar como diretor e passar a vida revezando entre os dois trabalhos. O musical dos anos 50 está na lista de seus filmes favoritos e, coincidência ou não, sua carreira também foi abalada pela transição entre o mudo e o falado.

“Comecei a estudar teatro aos 15 anos e nos primeiros semestres eu só tinha aulas de mímica, de teatro mudo. Aí, quando estava prestes a começar o texto, meus pais me tiraram da escola porque concluíram que eu era muito novo para me dedicar ao teatro”, explica.

Ele só foi saber o que era atuação falada quando voltou às aulas anos depois, já aos 18. E, desde então, não parou mais: atuou no teatro, na televisão e está começando a se arriscar também na direção. No palco, ele já participou de adaptações de clássicos de Shakespeare e Kafka. Nas telas da TV, já esteve nas novelas da Rede Globo “Malhação” e “Amor à Vida”.

Atualmente, Lucas finaliza seus estudos na faculdade de cinema e está à frente de projetos que envolvem suas paixões – a direção e a atuação. Está ajudando a finalizar “Rosa”, dirigido em parceria com Giulia Ruberti, um curta-metragem musical baseado em músicas de Noel Rosa. Também está dirigindo um filme sobre relacionamentos virtuais e, como se não bastasse, vai entrar em breve em cartaz com a peça “O Despertar da Primavera”, em São Paulo.

“Eu não seria só ator ou só diretor. Os dois caminham juntos na minha vida, e vai ter horas que eu vou querer dirigir, outras atuar, e assim irei levando”, explica.

O artista espanhol Joan Miró disse certa vez que gostava de “trabalhar enquanto não trabalhava”. O pintor pegava referências, conhecia novos artistas e tinha novas ideias para suas obras enquanto lia um livro, via quadros de outros pintores ou assistia a um filme.

Do mesmo modo, Lucas Romano vai atrás de novas inspirações e acaba trabalhando quando está “fora do expediente”. Ele conta, por exemplo, que guarda uma pasta em sua casa com cópias de frames de filmes que julga ser interessante e inovador.

“Enquanto assisto filmes, tiro várias fotos do que me chama a atenção. Eu tenho uma pasta arquivada com frames de muitos e muitos longas. Assim que vou realizar algo novo, estudo meu acervo para ver o que me interessa. No cinema é assim, a gente busca inspiração.”

Lucas ainda tem uma conta no Instagram onde compartilha a sinopse e comentários de seus filmes favoritos. “A ideia surgiu quando percebi que vários amigos me pediam dicas de filmes”, conta. Então, o ator decidiu criar a página com textos opinativos curtos apresentando os títulos que lhe interessa.

A seguir, o ator lista cinco filmes que foram marcantes em sua vida. “Gosto muito quando uma obra mexe comigo não só na história, mas também na estética”. Confira:

Cantando na Chuva

“Esse filme me fez gostar de musicais. Tem uma magia cinematográfica incrível e também fala sobre a história do cinema.”

“Cantando na Chuva”, de Gene Kelly e Stanley Donen (1952)

Sinopse: Gene Kelly é Don Lockwood, dançarino e ator, galã dos filmes de romance e paixão, o ídolo das matinês. Mas, na vida real, seu relacionamento com a atriz com a qual contracena, Lina Lamont (Jean Hagen), não vai bem. Ele prefere a companhia da aspirante à atriz Kathy Selden (Debbie Reynolds), que conheceu enquanto escapava de suas fãs. Em uma época em que os filmes mudos estão dando lugar ao cinema falado, Cantando na Chuva mostra essa transição com muito humor, diversão e números musicais que marcaram a história do cinema em seus tempos áureos. Considerado pelo American Film Institute um dos dez melhores filmes de todos os tempos.

Mommy

“Mommy”, de Xavier Dolan (2014)

“Drama é meu gênero favorito. E gosto de filmes que tratam de transtornos psicológicos.”

Sinopse: Diane Després (Anne Dorval) é uma viúva que se sente sobrecarregada por ter que criar sozinha o filho Steve (Antoine-Olivier Pilon), um jovem violento e problemático. Em um ato de coragem, ela acaba tirando o garoto da escola. No entanto, Diane é surpreendida pela boa vontade de Kyla (Suzanne Clément), sua vizinha e professora, que demonstra interesse em ajudar a complicada família.

Anticristo

“Anticristo”, de Lars Von Trier (2009)

“Lars Von Trier traz muito sadismo em seus filmes e eu gosto muito disso. O diretor ainda consegue transpor na tela exatamente aquilo que a personagem sente, ele sabe trabalhar muito bem com a câmera.”

Sinopse: Casal isola-se numa cabana na floresta, após a morte de seu único filho, mas as coisas acabam ficando ainda piores na vida dos dois.

Tiros na Broadway

“Tiros na Broadway”, de Woody Allen (1994)

“É sobre os bastidores do teatro, me identifiquei muito.”

Sinopse: Na Nova York dos anos 20, David Shayne (John Cusack) é um dramaturgo idealista que se recusa a “se vender”, até que um gângster se propõe a financiar sua peça. A condição é que a namorada do mafioso, Olive (Jennifer Tilly), ganhe um papel. Mas a falta de talento da atriz não é o único problema de David: a estrela Helen Sinclair (Dianne Wiest) faz exigências, o ator principal come sem parar, sua vida pessoal está em crise e, o principal, o segurança Cheech (Chazz Palminteri) se revela um grande autor, dando várias e proveitosas sugestões para a peça.

Requiem Para Um Sonho

“Requiem Para Um Sonho”, de Darren Aronofsky (2000)

“Gosto muito do diretor e gosto desse filme porque ele mexeu com a forma de fazer cinema, com aquilo que estávamos acostumados a assistir. É um filme que incomoda, mas também fascina.”

Sinopse: O filme gira em torno de quatro personagens e os vícios que as afastam de seus sonhos, fazendo com que vivam entre a esperança e o desespero. Harry (Jared Leto) e sua namorada Marion (Jennifer Connelly) são viciados em heroína. Eles têm o sonho de montar uma loja, mas mal conseguem o suficiente para viver. Junto com seu amigo Tyrone (Marlon Wayans), Harry rouba a TV da mãe para conseguir dinheiro, o que já virou rotina. Sua mãe, Sara (Ellen Burstyn), sempre compra uma nova quando a anterior é levada, pois seu vício é justamente assistir TV. A possibilidade de aparecer em seu programa favorito faz com que queira perder peso, o que a leva a tomar remédio para emagrecer, um hábito que logo foge de seu controle e se torna mais um vício.