Caso Léo Lins: Polícia considera piada com deficientes crime de injúria

A polícia concordou que Lins quis ofender pessoas com deficiência de forma gratuita

A Polícia Civil de São Paulo finalizou inquérito policial e indiciou Léo Lins por crime de injúria qualificada depois de uma piada sua viralizar nas redes sociais em abril. Nela, o humorista criticou o cancelamento de alguns de seus shows ao afirmar que preferia ser mudo a ter uma “voz feia” como a de uma pessoa com deficiência.

Caso Léo Lins: Polícia considera piada com deficientes crime de injúria
Créditos: Reprodução/Instagram
Caso Léo Lins: Polícia considera piada com deficientes crime de injúria

Os policiais disseram que Lins quis ofender pessoas com deficiência de forma gratuita. O inquérito também fala que ele se negou a dar sua versão quando foi chamado para prestar depoimento. A investigação foi realizada pela 1ª DPPD (Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência) de São Paulo.

Duas PCDs (pessoas com deficiência) estiveram na delegacia especializada para fazer denúncia contra Lins após verem Stories do humorista ex-SBT. O artista dizia no vídeo que escutou a voz de uma criança com paralisia cerebral e que preferia ser mudo do que ter um timbre estranho daquela maneira.

“Eu sei que o certo é surdo e não surdo-mudo, mas se eu tivesse uma voz desse jeito, preferia ser surdo”, disse Lins. Após algumas pessoas se mobilizarem para fazer um protesto em seus shows, o humorista compartilhou sons de focas e voltou a fazer piada com pessoas com deficiência. “Pelo menos será um protesto silencioso”, disse.

Ao ver as publicações, duas vítimas fizeram denúncias formais ao MP e solicitaram uma investigação sobre o caso. Para ambos, houve ofensa gratuita e direta a pessoas com deficiência. Os denunciantes também mandaram um vasto material com provas de que Lins já tinha feito piadas capacitistas antes e era reincidente em casos do tipo.

Um dos denunciantes foi o influenciador digital Ivan Baron, que tem com 330 mil seguidores no Instagram. Baron tem deficiência motora e faz parte da luta pela inclusão social na sociedade civil. Na rede social, Leo Lins acusou Baron na época de pegar um vídeo antigo com a piada contra surdos para “lacrar” e causar seu “cancelamento”.

Outro lado

Depois de ser intimado, Léo Lins foi à delegacia prestar depoimento, no entanto acusou a delegada do local de pedir o seu indiciamento na ação mesmo antes de ele dar sua versão. “Sustenta o depoente que a delegada entrou no local e disse que já tinha resolvido pelo seu indiciamento antes mesmo de sua versão ser dada e que, por isso, não responderia nenhuma pergunta”, diz o documento sobre o depoimento do humorista.

Em setembro, a polícia concluiu as investigações e considerou que Leo Lins cometeu uma série de práticas abusivas. O documento também refuta o argumento do humorista de tratamento parcial no recolhimento de sua versão. “O indiciamento se deu pela convicção jurídica do crime cometido. Inclusive, a pessoa do indiciado já havia comparecido a esta Delegacia Especializada respondendo sobre fatos semelhantes. Ou seja, não poderia ele negar desconhecimento da Lei”, diz o documento.

Até o final do mês, o MP precisa definir se aceita o indiciamento e abre a ação judicial que pode tornar Leo Lins um réu.

“O caso foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela 1ª Delegacia da Pessoa com Deficiência, sendo relatado à Justiça em setembro deste ano com o indiciamento do autor por crime de incitar discriminação de pessoa em razão de deficiência”, diz a nota policial.