Em show histórico, Caio Prado leva beleza e política ao Rock in Rio

O cantor participou de homenagem à Elza Soares e, em poucos minutos de palco, conseguiu entrar a para a história do maior festival de música do Brasil

Caio Prado teve poucos minutos para se apresentar no Palco Sunset do Rock in Rio neste domingo, 11, mas isso não o impediu de marcar para sempre sua história no maior festival de música do Brasil.

Junto de Larissa Luz, Gaby Amarantos, Mart’nália, Majur e Agnes Nunes, o cantor prestou homenagem à Elza Soares, que faleceu em janeiro deste ano. Elza estava confirmada, desde o ano passado, para participar da edição do Rock in Rio 2022.

No show de homenagens àquela que ficou conhecida como “A Voz do Milênio” pela revista Rolling Stones, não faltaram motivos para o público ir às lágrimas. E, ouso dizer, um dos principais motivos foi a performance de Caio Prado.

Todos os artistas se apresentaram juntos no momento de abertura do show. Na sequência, as apresentações individuais deram início. Quando chegou a vez de Caio Prado, só o seu look de entrada já era um verdadeiro desbunde. Metade um vestido vermelho glamouroso, a outra metade, costurada a ele, o uniforme da seleção brasileira de futebol.

Caio Prado roubou a cena do Rock in Rio com potência, emoção e discurso contundente
Créditos: reprodução/Instagram/@ocaioprado
Caio Prado roubou a cena do Rock in Rio com potência, emoção e discurso contundente

Caio abriu sua rodada com o clássico “Malandro”, composição de Jorge Aragão que ficou eternizada na voz de Elza. Além da potência vocal e domínio de palco, o artista fez declarações políticas contundentes, que tocaram a todos que acompanhavam o show.

Num momento de ameaças à democracia, insegurança política, volta do Brasil ao mapa da fome – e a menos de um mês das eleições presidenciais -, Caio Prado pediu para que o público acendesse as luzes de seus celulares, simbolizando estrelas em homenagem à Elza, e embalou: “Para nossa rainha ouvir esse coro da resistência. O Brasil melhor merece dias melhores, sem fome, com saúde e educação”, disse o cantor, enquanto finalizava a apresentação de “Malandro”.

Na sequência, Caio Prado deu início a uma apresentação catártica de “Não Recomendado à Sociedade”, canção que ele mesmo compôs e que chegou a ser gravado por sua musa inspiradora, Elza. “Quero convocar as bichas pretas e afeminadas desse país, as trans, a diversidade”, disse ele antes de interpretar a própria faixa. Quando o público puxou um coro a favor de Lula, Caio afirmou que a faixa tinha a mesma mensagem pedida pela plateia.

Pega um trecho da letra:

“Pervertido, mal amado, menino malvado, muito cuidado
Má influência, péssima aparência, menino indecente, viado
A placa de censura no meu rosto diz:
Não recomendado à sociedade
A tarja de conforto no meu corpo diz:
Não recomendado à sociedade”

O grito de resistência foi entoado pelos milhares de fãs que acompanhavam o show, num momento que misturou arte, beleza, política e protesto.

É impossível prever quais serão os próximos passos da carreira de Caio Prado, mas se seu curto espaço de tempo no Palco Sunset deste Rock in Rio quiser dizer alguma coisa, então fica fácil cravar que ele será uma grande estrela nacional.