Ensaio e entrevista com Rodrigo Santoro sobre amor, fama e vaias

Entrevista publicada pela Revista TPM, parceira do Catraca Livre, traz o galã da nova novelas das 21h, exibida pela Rede Globo, Rodrigo Santoro falando sobre amor, fama e vaias, além de fotos clicadas por Murillo Meirelles. O texto é de Karla Monteiro, confira:

“Por si só, um fim de tarde no parque Lage já é um privilégio. Na barulhenta rua Jardim Botânico, zona sul do Rio, adentrando um caminho de pedra, chega-se à Escola de Artes Visuais do parque Lage, cercada por quase 100 hectares de jardim selvagem. A construção data dos anos 20, no estilo eclético. O café fica no pátio interno. “O que a senhorita está lendo?”, pergunta uma voz meio rouca e familiar, bem atrás de mim. Rodrigo Santoro se materializa no cenário. Barba por fazer, cabelo despenteado, óculos Ray-Ban, jaqueta de couro. O livro era bom. Esperando há 20 minutos, nem percebi o rapaz cruzar o recinto na minha direção.

Santoro tem fama de jogo duro. Li pelo menos 15 entrevistas com ele e em nenhuma ele se revela. Sempre o mais profissional possível. Cheguei ao parque Lage com um pouco de preguiça. Ou receio, talvez. “Vamos procurar um cantinho lá fora”, propõe, descontraído. Àquela hora, quatro da tarde, céu azul de inverno carioca, a escola estava vazia. No caminho até a porta, surgem fãs. Câmeras e celulares em punho. “Ih, danou”, fala o ator, solicitando cumplicidade com o olhar. Saio de fininho. Alguns autógrafos, cliques, sorrisos e, enfim, conquistamos um banco de praça, entre as árvores. “Sabe o que achei hoje?”, pergunta. E responde: “Balas Juquinha. Quer?”. Claro, né?

Dois Rodrigos

O bom humor do célebre petropolitano – nascido há 33 anos, filho de um engenheiro e de uma artista plástica, 8 novelas, 4 minisséries, 1 peça de teatro e 19 filmes no currículo, sendo 8 produções estrangeiras – me relaxou. Ufa! Dia sim. Em dois encontros, topei com dois Santoros. Cerca de dez dias antes, nos falamos na sessão de fotos. Ele estava, digamos, santoríssimo. Impaciente, defensivo, pouco à vontade. “Não gosto de roupas fashion. Não tem nada a ver comigo”, reclamou de um dos visuais escolhidos.

Seis e pouco e as copas das árvores já escondem o dia. No tête-à-tête, porém, Rodrigo vence por nocaute. Três armas: inteligência, coerência e sedução. Ele não fala da vida pessoal. Fato. O clichê das celebridades, na boquinha bem desenhada dele, aliás, soa como direito inquestionável. Sobre o clima no estúdio, diz: “Tem a ver com a foto. Nunca me senti à vontade sendo fotografado. No set de filmagem, é um personagem. Ali, sou eu. Superexposição”. A respeito do visual, pondera: “Não é que eu não goste de moda. Visto isto aqui, este casaco. Faço desfiles. O lance é estar confortável. Parto dessa sensação”.

Quase três horas de papo, olho no olho, alguns casos, muita reflexão, eu desligo o gravador. Rodrigo continua falando. O papo rende. Ele sobe na moto e se manda. Eu decido caminhar pela rua, meio zonza. Para mim, uma jornalista desatenta e desavisada, Santoríssimo era até essa tarde só um rostinho bonito. Praticante de ioga, surfista, ligado nos quês e porquês da existência, na busca de experiências, o moço tem mesmo borogodó. Será que ser vascaíno é defeito?

Leia a entrevista

Fotos: Murillo Meirelles