Entrevistei quatro garotas de programa do Baixo Augusta
Segunda-feira, 23h45, eu na rua apalpando os bolsos da calça e conferindo se havia pegado tudo: celular (velho, não tem gravador e tira péssimas fotos), bloquinho de notas, uma caneta e R$ 35,00 amassados dentro da carteira. Era isso o que eu precisava para conversar com algumas garotas de programa da região do Baixo Augusta.
A primeira parada foi na boate The Big Ben. Duas moças loiras e de saltos altíssimos estavam na porta e me falaram “Boa nooooite” quase que ensaiadas e sorridentes. Eu falei que era jornalista e queria bater um papo com elas. Ambas toparam e me chamaram para conversar na frente da fonte de água que você vê na foto abaixo:
Fernanda, 21, e Priscila, 20 anos, me disseram que são primas e trabalham há quatro meses como garotas de programa. Quem as convidou para esta vida foi a própria tia, que é gerente da casa, e já havia recrutado mais parentes sem que ninguém da família desconfiasse. As mães de ambas, inclusive, pensam que elas trabalham com a tia em um supermercado. A jornada de trabalho é de segunda a sábado, das 20h até às 4h da manhã, inclusive nos feriados.
Elas ganham um valor fixo (pois são dançarinas) e cobram R$ 300,00 por programa. A Priscila confessou que odeia os velhos casados que vão lá só para conversar e reclamar das esposas. Já a Fernanda, disse que acha bizarro os pais que levam os filhos gays e os obrigam a se converterem em héteros. “Tem pai que traz o filho aqui e oferece R$ 500,00 pra menina que conseguir fazer o filho ter uma ereção e consumar o ato. As vezes a gente faz um acordo com o filho e mentimos para o pai, só pra ele ficar satisfeito e achar que o Júnior é macho“. As duas primas disseram que odeiam este tipo de vida e estão nessa por uma fase provisória, pois não nasceram para serem putas. Elas tem o desejo de voltar a estudar, mas disseram que o dinheiro fala mais alto… [Clique aqui para continuar lendo.]