Este hábito com a chaleira pode não ser perigoso como pensam
O que realmente acontece quando aquecemos água repetidamente
Muitas pessoas costumam esvaziar a chaleira elétrica após cada uso, baseando-se na ideia de que ferver novamente a mesma água pode ser prejudicial à saúde. A preocupação gira em torno da suposição de que substâncias nocivas, como arsênio, nitratos ou flúor, poderiam se acumular na água durante fervuras sucessivas. Contudo, especialistas alertam que tal prática não encontra respaldo em análises científicas recentes, especialmente considerando os padrões de qualidade adotados pela maioria das companhias de abastecimento em 2025.
Um exemplo prático vem dos resultados divulgados pela companhia de água de Sydney referentes ao início de 2025. A análise mostra que a água fornecida à população atende rigorosamente todos os parâmetros de segurança: acidez dentro do padrão, baixos teores de sólidos dissolvidos, níveis adequados de flúor para promoção da saúde bucal e característica de água “leve”, ou seja, com pouca presença de cálcio. Mesmo metais como ferro e chumbo estão em concentrações mínimas, consideradas seguras para consumo humano.

O que acontece ao ferver a mesma água mais de uma vez?
Ao aquecer água em uma chaleira, ocorre, principalmente, a evaporação de parte do líquido, enquanto a maioria dos minerais e metais permanece dissolvida. Vale ressaltar que esse é um processo natural e previsível, comum no preparo de bebidas quentes ou alimentos. Ainda que a quantidade de água diminua levemente a cada fervura, o aumento na concentração de substâncias remanescentes é insignificante em condições normais de uso doméstico.
Para demonstrar, imagine ferver um litro de água contendo um miligrama de flúor por litro — valor dentro das normas de potabilidade. Se após a primeira fervura for utilizada uma porção e, posteriormente, o restante for fervido novamente, a variação no teor de flúor entre um preparo e outro será mínima, sem ultrapassar quaisquer limites de segurança. Situações que levariam a concentrações nocivas exigiriam o aquecimento virtualmente contínuo, evaporando quase todo o líquido, algo fora do padrão de uso na rotina doméstica.

Ferver a água repetidas vezes pode ser perigoso para a saúde?
A preocupação com resíduos de elementos como chumbo, magnésio ou flúor acaba sendo mais um mito do que um fato comprovado. Os padrões internacionais de qualidade da água, inclusive os seguidos em 2025, estabelecem margens amplas de segurança. Para que ocorresse o acúmulo perigoso de chumbo, por exemplo, seria necessário reduzir vinte litros de água potável a apenas duzentos mililitros, um cenário impraticável em cozinhas do dia a dia. Além disso, chaleiras elétricas modernas possuem sistemas de desligamento automático, interrompendo o aquecimento rapidamente assim que a fervura é atingida.
1. Flúor: dosagens presentes são pensadas para beneficiar dentes, sem exceder limites seguros mesmo após múltiplas fervuras.
2. Chumbo: as quantidades encontradas nos sistemas de distribuição são tão baixas que não representam risco, ainda que a água seja fervida mais de uma vez.
3. Outros minerais: flutuações de minerais e sais dissolvidos não afetam a potabilidade em situações de consumo cotidiano.
Quais mudanças podem ocorrer no sabor da água após fervê-la várias vezes?
Em termos de paladar, algumas diferenças sutis podem ser notadas ao ferver repetidas vezes, sobretudo devido à leve alteração no teor de minerais ou à diminuição do oxigênio dissolvido — responsável por uma sensação de frescor. No entanto, tal modificação depende da qualidade inicial da água e costuma ser imperceptível para a maioria das pessoas. Para aqueles com paladar mais sensível, pequenas variações podem ser notadas, mas estas não indicam risco à saúde.
Seguindo recomendações atualizadas e levando em conta as tecnologias empregadas nos dispositivos elétricos atuais, a prática de ferver novamente a água de uma chaleira não representa um perigo. O mais essencial é garantir que a fonte da água respeite os padrões regulamentados para água potável. Assim, seja para preparar chá, café ou qualquer outra bebida quente, a utilização consciente dos recursos e a observância à qualidade inicial são mais relevantes do que o simples ato de descartar a água já fervida.