Ex-BBB Giselly Soares no papel da escrava Esperança Garcia gera críticas

Representa um "embranquecimento de uma pessoa negra", diz ativista

13/10/2021 11:35

Na noite da última terça-feira, 12, ativistas do movimento negro realizaram um protesto no centro de Teresina contra a escolha da ex-BBB Gyselle Soares para o papel de Esperança Garcia, a primeira advogada negra do Brasil.

 

Ex-BBB Gyselle Soares foi escolhida para o papel de Esperança Garcia, a primeira advogada negra do Brasil
Ex-BBB Gyselle Soares foi escolhida para o papel de Esperança Garcia, a primeira advogada negra do Brasil

A representação da participante da oitava edição do “Big Brother Brasil”, segundo os ativistas, embranquece uma pessoa negra.

“As crianças que vão assistir ao espetáculo vão ficar na cabeça que a Esperança Garcia é uma pessoa branca”, disse Sônia Terra, da Rede de Mulheres Negras do Piauí, ao G1.

Gyselle afirmou que entende as críticas, mas que, como atriz, pode interpretar qualquer personagem, e que se considera “de todas as cores”.

“Eu me considero de todas as cores, um ser humano com coração que pode sentir tudo. Estamos no mundo, somos todos iguais”.

A peça “Uma Escrava Chamada Esperança”, de Valdsom Braga, está em cartaz no Teatro 4 de Setembro, na capital do Piauí. A montagem conta parte da vida Esperança Garcia com a proposta de abordar as reflexões que produziram a carta de 1770 (veja abaixo).

 

Ex-BBB Giselly Soares no papel da escrava Esperança Garcia gera críticas
Ex-BBB Giselly Soares no papel da escrava Esperança Garcia gera críticas - Reprodução/Instagram

Em agosto de 2016, artistas orientais fizeram um manifesto pelo fim da discriminação étnica que ocorre em algumas produções de audiovisual, dando prioridades a atores ocidentais brancos em papéis que deveriam ser interpretados por orientais. A mesma prática ocorre com negros e índios.

Esperança Garcia

Mulher negra escravizada na fazenda de Algodões, Esperança Garcia ficou conhecida por escrever uma carta o governador da capitania do Piauí, denunciando o sofrimento dos escravos.

O texto, de 6 de setembro de 1770,  foi encontrada em 1979 no arquivo público do Piauí, pelo pesquisador e historiador Luiz Mott.

Em 2017, ela foi reconhecida pela OAB/PI como a primeira advogada piauiense.