Gêmeas trans do Brasil mostram rotina em série após cirurgia

Mayla e Sofia ficaram conhecidas no mundo como as primeiras gêmeas trans a fazerem a cirurgia de redesignação sexual ao mesmo tempo; veja essa história!

24/05/2023 09:27

As gêmeas trans Mayla e Sofia, de 21 anos, estreiam série na HBO Max mostrando a rotina após realizarem a sonhada cirurgia de redesignação sexual. Elas foram as primeiras gêmeas no mundo a fazerem o procedimento juntas, além de terem sido as mais jovens também.

Por conta do fato inédito, elas viraram notícia por todo o país e também estamparam o noticiário internacional. No próximo dia 1º de junho, a série documental “Gêmeas Trans: Uma Nova Vida” ficará disponível na HBO Max e no Discovery+.

Gêmeas trans do Brasil mostram rotina em série após cirurgia
Gêmeas trans do Brasil mostram rotina em série após cirurgia - Reprodução/HBO Max

Gêmeas Trans: Uma Nova Vida

A produção nacional chega às plataformas em seis episódios no mês do Orgulho LGBTQIAP+. Os primeiros três serão disponibilizados na estreia, seguidos pelos três últimos na quinta-feira seguinte. Mayla e Sofia se reencontram para aproveitar suas férias, reencontrar amigos antigos e enfrentar novos desafios.

Em 2021, aos 19 anos, as irmãs passaram pela cirurgia de redesignação sexual em uma clínica em Blumenau. Agora, elas enfrentam os desafios de suas novas vidas. Mayla vive em Buenos Aires, onde estuda medicina, enquanto Sofia reside em Franca, no interior de São Paulo, e estuda engenharia. O reality aborda temas como conflitos, escolhas, amor, realização de sonhos e o cotidiano de luta pelo reconhecimento e contra o preconceito.

As jovens cresceram em Tapira, uma pequena cidade do interior de Minas Gerais com apenas quatro mil habitantes. Originárias de uma família humilde, elas sempre contaram com o apoio e os esforços de seus familiares para perseguir seus sonhos, apesar das limitações financeiras e sociais.

Mayla e Sofia durante as gravações da série para a HBO
Mayla e Sofia durante as gravações da série para a HBO - Reprodução/HBO Max

Como foi gravar a série?

Em entrevista exclusiva para a Catraca Livre, Mayla e Sofia se abriram um pouco mais sobre o processo de gravações da série e de como elas se prepararam para expor suas vidas ainda mais para o mundo.

“Era uma coisa inusitada, única, a gente enfrentou diversas barreiras, a gente teve crises de ansiedade, crises de nervosismo, mas a gente lembrava que tinha uma causa maior para estar nas gravações. E tendo um tratamento psicológico acompanhado pela equipe, foi o que fez a gente ver mais sobre o nosso propósito de vida. A gente está aqui para mudar a vida de outras pessoas, a gente está aqui para servir de inspiração”, disse Sofia.

Para Sofia, ter feito parte dessa experiência foi por uma causa maior, com intuito de levar conhecimento sobre pessoas trans para aquelas que não compreendem muito bem o que é ser transgênero.

“Não vamos apenas ajudar pessoas trans, vamos ajudar pais, pessoas a quebrarem preconceitos entre si e ajudar também outras pessoas sobre quem somos, porque tem muita gente que tem medo de perguntar, que não tem maldade, elas são curiosas, aprender quem somos”, continuou.

“A gente não dá espaço a elas, a gente não tem um educação nas escolas pra poder dar essa explicação, então sempre era difícil durante as gravações ao decorrer do dia, a gente sempre lembrava que tinha um propósito maior. Estamos animadas para o lançamento, mas também sentindo medo, euforia, é algo que está sendo surreal”, finalizou a estudante.

Mayla e Sofia gravando a série sobre suas vidas para a HBO
Mayla e Sofia gravando a série sobre suas vidas para a HBO - Reprodução/HBO Max

A vida juntas

Mayla contou que a série vai mostrar a realidade e que por isso, nem tudo que vai ser mostrado serão flores.

“A gente realmente mostra a realidade, né? Então não tem como mostrar apenas amor e carinho. A gente mostra brigas! Tem um episódio que a Sofia puxa meu cabelo e me joga na água, mas não posso dar muito mais spoiler”.

A estudante de medicina ainda contou que o apoio entre elas foi essencial em todo o processo.

“A gente nasceu assim, sofreu muito, a gente passa essa visão para outras pessoas entenderem que a gente não escolhe ser assim, a gente nasce assim. Nenhum criança escolhe sofrer preconceito na escola, lanchar sozinha, apanhar de coleguinha, pelo simples fato de a gente ser quem a gente é. Ser xingada por nome que nenhuma criança merece. A minha família foi a base para tudo, sem eles eu jamais estaria aqui”, falou.

“A gente precisava muito uma da outra porque no começo não tinha muito pra quem contar, então, eu cresci e tive o apoio dela, isso foi fundamental, porque ter a voz de duas dentro de uma casa é maior, é mais forte”, relatou a influenciadora.

Veja o trailer