“Jesus seria mulher, pobre, negra e lésbica nos dias de hoje”

10/12/2016 16:45

Padre Beto, conhecido por suas declarações polêmicas, se pronunciou esta semana a respeito do decreto do Vaticano sobre que homossexualidade e vocação sacerdotal. O sacerdote foi excomungado da igreja católica em 2013, por defender direitos dos homossexuais e de casais divorciados.

Padre Beto deu opinião que gerou polêmica na ala conservadora da igreja
Padre Beto deu opinião que gerou polêmica na ala conservadora da igreja

Em determinação publicada nesta quarta-feira (08/12) o Vaticano relembrou a exigência da abstinência sexual e proibição de homossexuais entre os que querem exercer o sacerdócio: “A Igreja, respeitando as pessoas envolvidas, não pode admitir no seminário e nem nas ordens sagradas os que praticam a homossexualidade, apresentem tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiem o que se conhece como cultura gay”, destaca o documento, publicado pelo Osservatore Romano, diário oficial do Vaticano.

Para Padre Beto, a forma como os homossexuais são tratados não está de acordo com os ensinamentos de Jesus: “Cristo é muito mais revolucionário do que a igreja vende… Ele é muito solidário com as pessoas marginalizadas, se aproxima dessas pessoas sem nenhum julgamento e é muito mal visto pelas pessoas “corretas”… se fizesse carne hoje, viria na pele de uma mulher, pobre, negra e lésbica, com toda certeza. O verbo se fez carne na periferia, não nasceu em Roma, que era a capital, não era um romano que teria status e poder. Se fez gente no lugar marginalizado e se une aos marginalizados.”.

Ainda segundo ele, muitos fiéis não conseguem viver segundo as regras pregadas na igreja, mas representam um papel perante suas comunidades religiosas para mostrar adequação.

É o que acontece também com muitos devotos e sacerdotes que não podem assumir sua homossexualidade: “O homossexual pode frequentar os sacramentos da igreja, desde que viva em castidade. Em outras palavras, a igreja aceita o homossexual, mas não a homossexualidade. Se esta postura não é homofóbica, eu não sei mais o que é homofobia.”, diz Padre Beto. Para ele isso gera conflitos internos, familiares e sociais para os homossexuais que foram criados no catolicismo.

Padre Beto, afirmou ainda que: Se a igreja não mudar radicalmente de postura ela vai continuar a perder fieis. As novas gerações não se identificam mais com posturas tão retrógradas como a não aceitação da homossexualidade, a recusa do uso da camisinha e de métodos anticoncepcionais, a declaração de que sexo fora do casamento é pecado, a não aceitação das mulheres no sacerdócio etc. Mas, não só isso. A igreja incentiva a hipocrisia e a homofobia, pois, durante quinze anos de sacerdócio não conheci nenhum fiel que realmente obedecesse às regras da moral sexual da igreja.”.