“Jesus seria mulher, pobre, negra e lésbica nos dias de hoje”

Padre Beto, conhecido por suas declarações polêmicas, se pronunciou esta semana a respeito do decreto do Vaticano sobre que homossexualidade e vocação sacerdotal. O sacerdote foi excomungado da igreja católica em 2013, por defender direitos dos homossexuais e de casais divorciados.

Padre Beto deu opinião que gerou polêmica na ala conservadora da igreja

Em determinação publicada nesta quarta-feira (08/12) o Vaticano relembrou a exigência da abstinência sexual e proibição de homossexuais entre os que querem exercer o sacerdócio: “A Igreja, respeitando as pessoas envolvidas, não pode admitir no seminário e nem nas ordens sagradas os que praticam a homossexualidade, apresentem tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiem o que se conhece como cultura gay”, destaca o documento, publicado pelo Osservatore Romano, diário oficial do Vaticano.

Para Padre Beto, a forma como os homossexuais são tratados não está de acordo com os ensinamentos de Jesus: “Cristo é muito mais revolucionário do que a igreja vende… Ele é muito solidário com as pessoas marginalizadas, se aproxima dessas pessoas sem nenhum julgamento e é muito mal visto pelas pessoas “corretas”… se fizesse carne hoje, viria na pele de uma mulher, pobre, negra e lésbica, com toda certeza. O verbo se fez carne na periferia, não nasceu em Roma, que era a capital, não era um romano que teria status e poder. Se fez gente no lugar marginalizado e se une aos marginalizados.”.

Ainda segundo ele, muitos fiéis não conseguem viver segundo as regras pregadas na igreja, mas representam um papel perante suas comunidades religiosas para mostrar adequação.

É o que acontece também com muitos devotos e sacerdotes que não podem assumir sua homossexualidade: “O homossexual pode frequentar os sacramentos da igreja, desde que viva em castidade. Em outras palavras, a igreja aceita o homossexual, mas não a homossexualidade. Se esta postura não é homofóbica, eu não sei mais o que é homofobia.”, diz Padre Beto. Para ele isso gera conflitos internos, familiares e sociais para os homossexuais que foram criados no catolicismo.

Padre Beto, afirmou ainda que: Se a igreja não mudar radicalmente de postura ela vai continuar a perder fieis. As novas gerações não se identificam mais com posturas tão retrógradas como a não aceitação da homossexualidade, a recusa do uso da camisinha e de métodos anticoncepcionais, a declaração de que sexo fora do casamento é pecado, a não aceitação das mulheres no sacerdócio etc. Mas, não só isso. A igreja incentiva a hipocrisia e a homofobia, pois, durante quinze anos de sacerdócio não conheci nenhum fiel que realmente obedecesse às regras da moral sexual da igreja.”.