Jornalista da GloboNews revela ao vivo ter sofrido racismo na Record

Sem citar a emissora do bispo Edir Macedo nominalmente, ela contou que um ex-chefe a pediu para mudar seu cabelo por ser 'armado'

A jornalista da GloboNews, Aline Midlej, revelou ao vivo no ‘Em Pauta’, nesta quarta-feira, 3, ter sofrido racismo na TV Record. Sem citar a emissora do bispo Edir Macedo nominalmente, ela contou que um ex-chefe a pediu para mudar seu cabelo por ser ‘armado’, na época em que iria estrear como repórter, alegando que não seriam “bem assimilados” pelo público.

Jornalista da GloboNews revela ter sofrido racismo na Record
Créditos: Reprodução/GloboNews
Jornalista da GloboNews revela ter sofrido racismo na Record

A jornalista trabalhava como produtora e depois de ser reconhecida por seu trabalho, conquistou a a oportunidade de trabalhar na frente das câmeras, sob a condição de mudar seu cabelo.

“Eu tinha 22 anos. Meu chefe dessa emissora me disse: ‘Aline, eu só acho que a gente precisa mudar algumas coisinhas’. Eu falei: ‘Em que sentido?’. Ele falou: ‘Algumas coisinhas. Você é bonita, você tem presença, sua voz é boa, mas sabe o cabelo? Acho que não vai ser bem assimilado, acho melhor'”, comentou ela, mostrando certa indignação com o fato.

“Aí eu falei: ‘Então não é aqui que eu vou começar’. E depois eu acabei começando num outro lugar. E a vida dá voltas, né? Depois de poucos anos eu fui chamada pra voltar pra essa emissora e não voltei”, concluiu ela.

Ao vivo na GloboNews, a jornalista não citou o nome da Record, mas foi lá que ela fez sua transição dos bastidores para frente das câmeras. Em 2010, ela foi trabalhar como repórter na Band e pouco tempo depois foi promovida a apresentadora. Seis anos mais tarde, em 2016, Aline Midlej foi contratada pela GloboNews e passou a apresentar o jornal exibido as 10h pela emissora do Grupo Globo.

Até o momento, a Record não se pronunciou.

Racismo: saiba como denunciar

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais como denunciar e o que fazer em caso de racismo e preconceito neste link.