Mara Wilson desabafa sobre a ditadura da beleza em biografia
Esta é Mara Wilson. Mas talvez você se lembre dela como a “Matilda” – ao que a atual escritora responde em seu site que não, ela só interpretou essa personagem. Recentemente, Mara lançou a autobiografia “Where Am I Now?: True Stories of Girlhood and Accidental Fame” (ou “Onde Estou Agora?: Histórias Reais sobre a Infância de uma Garota e a Fama Acidental”, em tradução livre), em que confessa sobre o quanto sofreu com a ditadura da beleza em Hollywood.
Mara se recorda que quando era pequena, todos celebravam a sua fofura – apesar das insistências que a sua mãe fazia para valorizarem o seu talento. Logo, quando ela cresceu e deixou de atender os padrões de beleza que a indústria de entretenimento tem para as jovens, passou a perder trabalhos para outras atrizes. “Após uma seleção em que o diretor me disse que eu era perfeita para o papel da amiga gorda, que era alvo de piadas em todas as páginas do roteiro, me caiu a ficha. Aos 13 anos, ser bonita era o que importava. E não apenas no mundo do cinema e da televisão”, ela conta.
“Lá estava Scarlett (nas páginas de uma revista), linda, falando sobre o seu novo filme com Bill Murray. Ela definitivamente era uma mulher, estava toda sexy. Como ela conseguiu? Senti um soco no estômago. Ela era só dois ou três anos mais velha do que eu. E eu sabia que nada que eu fizesse me faria ter sequer a metade da beleza dela. Mesmo depois que eu tirasse o aparelho, mesmo se eu colocasse lentes e melhorasse meu corte de cabelo (…) Mesmo assim eu jamais seria boa o suficiente para Hollywood”, Mara confessa em outra passagem de seu livro. Durante a adolescência, ela teve de lidar com o bullying, com a depressão e com a morte da sua mãe, que teve câncer.
Há anos, Mara decidiu parar de investir na carreira de atriz para perseguir outros interesses, como a escrita. Em entrevista ao Refinery29, ela explica que era mais difícil continuar em Hollywood sem o apoio e o engajamento da sua mãe. “Eu era insegura em relação ao meu corpo e à minha aparência, e me sentia nervosa e vulnerável. Você deve ser emocionalmente aberto para ser um ator, e quando você é uma pré-adolescente que está passando pela puberdade e cuja mãe acabou de falecer – triste, brava e confusa –, você não consegue ser isso. Não parecia mais certo. E também eu realmente acho que mesmo se a minha mãe não tivesse falecido, eu me encheria [de ser atriz]”.
Na sua autobiografia, Mara reconhece: “hoje sei que não é minha função ser linda, ou fofinha, ou qualquer outra coisa que alguém quer que eu seja”. Mas admite à Refinery29 que um dos motivos pelos quais ela não gostaria de voltar atuar é justamente o “intenso” e “amendrontador” padrão de beleza de Hollywood. “Você faz parte de um jogo e não pode levar para o lado pessoal quando te dizem que você não tem o peso certo, que não deve fazer algo ou que não te querem”, ela diz. “Então a sua vida não é realmente sua, e você meio que deve aceitar isso para fazer parte. Eu não queria aceitar isso”.