Marcius Melhem apela à Justiça e censura reportagem da Piauí
Em nota à Catraca Livre, o humorista negou que os seus advogados pediram à Justiça para censurar reportagem da revista
O humorista Marcius Melhem apelou à Justiça para proibir a revista Piauí de publicar reportagem com desdobramentos das acusações de assédio sexual e moral.
Segundo a Piauí, a revista está proibida desde o dia 12 de agosto de noticiar novas revelações sobre os casos. Marcius Melhem foi acusado de assediar sexualmente ao menos oito mulheres, todas colegas de trabalho na TV Globo.
Em um texto publicado no início da tarde desta quarta-feira, 25, o repórter João Batista Jr. explicou que tentava contato com o humorista desde o dia 5 de agosto para uma entrevista sobre novas apurações. A assessoria do ator pediu um prazo para responder, prorrogou, e Marcius, através dos seus advogados, entrou na Justiça pedindo que a revista fosse impedida de publicar a reportagem com novos desdobramentos do caso.
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A juíza Tula Corrêa de Mello, da 20ª Vara Criminal da Justiça do Rio de Janeiro, aceitou o pedido do ator e, desde então, a revista Piauí está proibida de publicar a matéria até o fim das investigações.
Em caso de descumprimento da decisão, a revista terá que pagar uma multa de R$ 500 mil, além de retirar os exemplares das bancas e remover a reportagem do site.
A revista afirma que recorreu da decisão da juíza Tula Corrêa de Mello.
Marcius Melhem nega censura à Piauí
O humorista Marcius Melhem negou que seus advogados pediram à Justiça para censurar reportagem da revista Piauí.
Em nota enviada à Catraca Livre, o comediante afirma que acionou à Justiça pedido “somente para que fosse apurado o vazamento de informações sigilosas” e para que ele pudesse se defender.
Marcius Melhem também afirma que não pediu “segredo de justiça em nenhum processo. A Piauí, sim, pediu sigilo sobre um processo que movo contra a revista”. Confira abaixo a íntegra da nota:
“Não é verdade que meus advogados pediram à Justiça para censurar uma reportagem da Piauí. Meu pedido foi tão somente para que fosse apurado o vazamento de informações sigilosas e para que eu pudesse me defender com as provas que tenho. Não pedi segredo de justiça em nenhum processo. A Piauí, sim, pediu sigilo sobre um processo que movo contra a revista. Eu luto por transparência e verdade e, por mim, este processo não teria segredo algum. Seria aberto a qualquer jornalista. Mas sou obrigado a obedecer a Justiça, inclusive pelo sigilo pedido pela Piauí. Assim que for possível, virei a público mostrar a verdade. Piauí, suponho, não publicará.
O repórter João Batista alegou que fazia uma matéria sobre os “desdobramentos jurídicos” do caso, apesar de não ter publicado uma linha sobre os 6 (seis) processos que abri após as mentiras publicadas. Como a investigação aberta no MP corre sob sigilo judicial, ele sabe que não posso comentar. Mesmo se tivesse acesso às minhas respostas e provas de minha inocência, João Batista não publicaria, pois algumas delas já vieram a público e foram cobertas amplamente pela imprensa – menos pela Piauí.
Meus advogados jamais pediram censura à revista. Pedi tempo para responder porque tinha que consultar a juíza sobre quais fatos eu poderia mencionar em minha defesa, como mensagens trocadas com as supostas vítimas. A Juíza tomou as medidas de preservação do sigilo que julgou necessárias e me manteve proibido de divulgar provas a meu favor. Se a revista se julga censurada por não poder quebrar um segredo de Justiça, por que não me considera também vítima da censura?
O repórter divulgou trechos aos pedaços, como sempre fez em sua parcialidade. Omitiu por qual motivo ele não escreveu uma linha para informar o público da Piauí sobre as provas que deixam claras as mentiras da primeira matéria. Por que a revista Piauí quer vazar um inquérito antes de ter minha defesa lá, ao mesmo tempo em que pede segredo de Justiça no processo que movi contra ela? Afinal, a Piauí é contra ou a favor do sigilo?”
Entenda as acusações contra Marcius Melhem
Após diversas denúncias de assédio sexual e moral, o humorista Marcius Melhem foi demitido da TV Globo em agosto do ano passado. Famosos se pronunciaram sobre o caso, incluindo, Dani Calabresa, que por sua vez, foi um das primeiras celebridades a denunciar o ex-diretor do núcleo humorístico da emissora.
De acordo com a reportagem publicada pala revista Piauí no ano passado, a primeira vez que Marcius Melhem assediou Dani Calabresa foi em 2017. O ato aconteceu durante uma festa de comemoração do centésimo episódio do programa “Zorra”. No primeiro momento da noite, os dois subiram para cantar no Karaokê e essa teria sido a primeira investida de Melhem à Calabresa, que tentou beijá-la.
Saindo rapidamente do palco para o banheiro, ela encontrou Melhem no local de novo. Neste momento, ele teria tentado prender a atriz na parede, tentando beijá-la. Ao que tudo indica, ele também lambeu o rosto da comediante à força, além de colocar o pênis para fora. Assim que Dani Calabresa voltou à mesa, foi consolada pelos amigos George Sauna e Luís Miranda, sendo que este último artista foi quem ouviu o relato da violência sofrida por ela.