MC Rebecca é vítima de racismo após comemorar conquista na web

1ª artista brasileira negra a entrar no Top 100 de músicas mais ouvidas no Spotify no mundo mandou um recado aos preconceituosos de plantão

02/12/2019 14:21

MC Rebecca foi mais uma vítima de racismo. A cantora, que é parceira de Anitta, Lexa e Luisa Sonza, celebrava nas redes sociais o fato de ter entrado no Top 100 de músicas mais ouvidas no Spotify no mundo – transformando-se na primeira artista brasileira negra a entrar na lista – quando foi alvo de ofensas racistas.

MC Rebecca foi alvo de ofensas racistas após celebrar conquista profissional nas redes sociais
MC Rebecca foi alvo de ofensas racistas após celebrar conquista profissional nas redes sociais - Reprodução/Instagram

Por meio de stories, a cantora fez um desabafo indignado. “Não tenho o direito de estar feliz com as minhas próprias conquistas. Eu já fiquei um pouco triste. Eu não estou aqui para me gabar, ser melhor do que alguém, mas eu estou muito feliz por ser a primeira brasileira negra a estar no top 100 global (do Spotify). Hoje em dia, sofremos racismo camuflado, é preconceito o tempo inteiro. Então, as pessoas que estão indo comentar nas minhas publicações: ‘ah, o problema está no preto que fala que sofre racismo’, eu digo que o problema está no branco que não dá oportunidades para tanta gente negra talentosa”, iniciou.

Rebecca ainda mandou um recado direto sobre preconceito: “Eu nunca imaginei que chegaria aqui, mas vocês têm que entender que ainda tem muitas pessoas para chegar aqui. Não adianta colocar mensagens no meu Instagram para me ofender, porque isso não vai me atingir e não vou mudar quem sou por causa de vocês”.

Pelo Twitter, MC também comentou o caso: “Sinceramente eu não entendo o brasileiro: estou representando o meu país, era o mínimo as pessoas serem solidárias em um país que existe muito preconceito e racismo. Não tenho vergonha de onde eu vim e nem por cantar (funk) proibidão. As pessoas vão ter que aceitar que o que eu faço é arte e cultura, sim”, escreveu.

Racismo: como denunciar e o que fazer em caso de preconceito

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Como denunciar pela internet

Para denunciar casos de racismo em páginas da internet ou em redes sociais, o usuário deve acessar o portal da Safernet e escolher o motivo da denúncia.

Além disso, é necessário enviar o link do site em que o crime foi cometido e fazer um comentário sobre o pedido. Após esses passos, será gerado um número de protocolo, que o usuário deve usar para acompanhar o processo.

Se atente em unir provas! O primeiro passo é tirar prints da tela para que você possa comprovar o crime e ter como denunciar. Depois, denuncie o usuário pelo serviço de denúncias da rede social em que ocorreu o ato.

Disque 100: O Disque 100 é serviço do Governo Federal para receber denúncias de violações de direitos humanos.

Desde 2015, o serviço conta com dois módulos novos: um que recebe denúncias de violações contra a juventude negra, mulher ou população negra em geral e outro específico para receber denúncias de violações contra comunidades quilombolas, de terreiros, ciganas e religiões de matriz africana.

O serviço também aceita denúncias online de discriminação ocorrida em material escrito, imagens ou qualquer outro tipo de representação de idéias ou teorias racistas disseminadas pela internet.

Delegacias: A denúncia contra crime de racismo pode ser feita em delegacias comuns e naquelas especializadas em crimes raciais e delitos de intolerância. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) cumprem essa função.

Atualmente, o Decradi está vinculado ao Departamento Estadual de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), em São Paulo, e ao Departamento Geral de Polícia Especializada da Polícia Civil, além de estar inserida no programa Delegacia Legal, no Rio.

Em outros estados, existem delegacias especializadas em crimes cometidos em meio eletrônico, que podem ser acionadas em situações de injúria racial virtual.