Após meme ‘já acabou, Jéssica?’, jovem sofreu com depressão e parou de estudar

As consequências da uma briga escolar ainda são sentidas pela adolescente

Uma briga na saída de uma escola no interior de Minas Gerais em 2015 mudou a vida de Lara da Silva depois de virar meme. “Já acabou, Jéssica?” foi a pergunta que viralizou em novembro daquele ano. Com a repercussão nacional do caso, ela abandonou a escola e caiu em depressão.

Hoje, com 18 anos, ela lida com os efeitos psicológicos desse episódio.

“Já acabou, Jéssica?” foi a pergunta que viralizou em novembro daquele ano
Créditos: Reprodução/Instagram
“Já acabou, Jéssica?” foi a pergunta que viralizou em novembro daquele ano

“É uma coisa que eu ainda não aceitei totalmente. Se eu parar pra pensar demais nisso, me faz mal. Não é algo que eu goste, mas é uma coisa que aconteceu, não tem como voltar atrás”, disse Lara à BBC News Brasil.

A jovem também contou que passou a se cortar como forma de “alívio”, fenômeno chamado de autolesão não suicida.

“Depois da primeira vez, virou um vício. Passei a me cortar cada vez mais fundo e em mais lugares. Quando acontecia alguma coisa, como quando via alguém debochando de mim na rua ou acontecia algo que me deixava triste, eu me cortava.”

Lara move ações na Justiça contra Google, Facebook e emissoras de televisão que usaram a sua imagem.

“Se tivesse como excluir, eu gostaria. Mas acredito que não tenha mais jeito”, disse.

Na época, quando o vídeo viralizou, Jéssica deu entrevista ao jornal “O Estado de Minas”, e revelou que a briga teria sido motivada por ciúme do namorado dela e que Lara a “irritava”.

Como ajudar alguém com depressão

Meme “Já acabou, Jéssica?” afetou a jovem
Meme “Já acabou, Jéssica?” afetou a jovem

Com informações da cartilha do Ministério da Saúde, do Centro de Valorização à Vida (CVV) e de pisquiatras, reunimos abaixo, algumas dicas de como ajudar quem está enfrentando a doença; confira:

Acolha e escute ativamente

Deixe a pessoa saber que você se preocupa com ela, ofereça-se para conversar e, quando ela te procurar para isso, saiba acolher e escutá-la de maneira atenta, sem fazer julgamentos. A maior parte das pessoas se sente melhor depois de conversar com alguém que se preocupa com elas.

Faça contatos esporádicos

As pessoas deprimidas tendem a se afastar dos outros e se isolar, por isso pode ser necessário expressar sua preocupação e vontade de ouvi-la repetidas vezes. Seja gentil, mas também saiba o momento certo de dar um espaço para que a pessoa respire.

Incentive a fazer atividades prazerosas

É muito comum que a pessoa em depressão se sinta sem inciativa, disposição e energia e acabe deixando de lado atividades que anteriormente eram prazerosas para ela. Então, quando o tratamento surtir os primeiros efeitos, incentive a pessoa a se envolver no que ela antes gostava, mas sem cobranças.

Se ofereça a acompanhar a pessoa ao médico

Talvez a pessoa não tenha a iniciativa de ir sozinha até um médico ou profissional de saúde mental, então, ofereça-se a acompanhá-la a uma consulta.

Depressão é uma doença psiquiátrica que requer tratamento
Créditos: SDI Productions/istock
Depressão é uma doença psiquiátrica que requer tratamento

De que maneira não abordar a pessoa com depressão

Saber o que NÃO dizer também é muito importante na hora de ajudar efetivamente alguém depressivo. O psiquiatra Neury Botega, pesquisador da área de saúde mental, recomenda que não se deve infantilizar a pessoa, tratando-a como criança; cobrar melhoras; e desistir de ajudar.

As seguintes frases também não devem ser ditas:

  • “Isso é covardia”
  • “É loucura”
  • “É fraqueza”
  • “É por isso que quer morrer? Já passei por coisas bem piores e não me matei”
  • “Você quer chamar a atenção”
  • “Te falta Deus”
  • “Tantas pessoas com problemas mais sérios que o seu, siga em frente”
  • “Levanta a cabeça, deixa disso”
  • “A vida é boa”

Tratamento gratuito

Mesmo quem não tem condições de pagar um médico privado, pode contar com o atendimento gratuito oferecido pelas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse tratamento vale para todos os níveis da doença: leve, moderado ou grave.

Além dos serviços das unidades básicas de saúde, existem ainda algumas alternativas, que podem ser as Clínicas-Escola de universidades e projetos de psicólogos e psiquiatras que realizam de forma independente atendimentos gratuitos ou a preços populares. Vale se informar em sua cidade. (Locais em São Paulo e no Rio de Janeiro)

Serviços de saúde

CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).

Disque 188
Por meio do telefone 188, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece apoio emocional a pessoas que querem e precisam conversar, sob sigilo absoluto. As ligações são gratuitas em todo o Brasil e podem ser feitas em qualquer horário, todos os dias.

Emergência
SAMU 192, UPA, Pronto Socorro e Hospitais.