O núcleo da Terra para de girar, inverte a direção, e os humanos já estão sentindo os efeitos

Pesquisa com ondas sísmicas mostra possível inversão do núcleo terrestre

21/09/2025 16:26

Pesquisas recentes apontam para mudanças intrigantes na dinâmica interna do planeta Terra. Um estudo publicado em 2023, realizado por especialistas da Universidade de Pequim e da Universidade do Sul da Califórnia, analisou dezenas de terremotos entre 1990 e 2021 e sugeriu que o núcleo interno da Terra pode ter reduzido sua velocidade, parado momentaneamente e até invertido seu sentido de rotação. Essas novas descobertas passam a compor o cenário científico sobre o funcionamento do centro da Terra, tema que desperta o interesse de especialistas em geociências e afeta o entendimento dos processos naturais que regulam o planeta.

O núcleo da Terra, formado por uma esfera sólida composta principalmente de ferro e níquel, está envolto por uma camada externa líquida. Essa estrutura profunda realiza movimentos rotacionais, resultantes de interações com o campo magnético terrestre e forças gravitacionais originadas no manto. As medições recentes indicam que o núcleo pode alternar seu sentido de rotação em ciclos que se repetem a cada sete décadas, o que levanta diferentes hipóteses sobre possíveis efeitos para o meio ambiente, as estações do ano e a vida moderna.

O que significa a rotação do núcleo da Terra?

A rotação do núcleo interno terrestre é um fenômeno complexo e só passou a ser investigado com maior precisão nas últimas décadas, graças ao avanço das técnicas de sismologia. O núcleo não gira de forma sincronizada com a superfície do planeta; sua movimentação é influenciada por forças internas e externas. Em determinados períodos, ele pode acelerar ou desacelerar em relação à crosta, e as pesquisas mais recentes sugerem que ele pode até inverter sua direção de giro.

De acordo com os dados coletados a partir da análise do tempo de propagação das ondas sísmicas que atravessam o centro do planeta, percebeu-se uma alteração nos padrões dessas ondas ao longo dos anos. Cientistas observam que em ciclos de cerca de 70 anos o núcleo alterna sua rotação, o que teria acontecido pela última vez na década de 1970 e estaria ocorrendo novamente agora.

Como a possível inversão do núcleo pode impactar o planeta?

A inversão ou desaceleração do núcleo terrestre é um fenômeno que pode trazer consequências sutis, porém significativas, para o meio ambiente e para o funcionamento de sistemas humanos. Uma das principais preocupações está relacionada ao campo magnético da Terra, responsável pela proteção contra a radiação solar e pelo correto funcionamento de instrumentos de navegação e comunicação. A interação entre o núcleo sólido e a camada líquida ao redor pode provocar variações nesse campo magnético, modificando seu formato e intensidade ao longo do tempo.

  • Proteção contra radiação: Alterações no campo magnético podem influenciar a quantidade de radiação solar que atinge a superfície.
  • Sistemas de navegação e comunicação: Satélites, bússolas e GPS dependem da estabilidade magnética para operar de forma precisa.
  • Atividade sísmica e tectônica: Mudanças na rotação do núcleo podem influenciar indiretamente o comportamento das placas tectônicas e a ocorrência de terremotos.
  • Duração dos dias: Estudos sugerem que pequenas variações, em escala de milissegundos, podem afetar a quantidade de horas num dia.
A rotação do núcleo interno terrestre é um fenômeno complexo e só passou a ser investigado com maior precisão nas últimas décadas
A rotação do núcleo interno terrestre é um fenômeno complexo e só passou a ser investigado com maior precisão nas últimas décadas

Quais os desafios para o estudo do núcleo terrestre?

Compreender o funcionamento do núcleo interno da Terra ainda representa um dos maiores desafios das geociências. Devido à sua inacessibilidade, todas as descobertas dependem de métodos indiretos, como a análise de ondas sísmicas produzidas por grandes terremotos. Equipamentos modernos, bancos de dados globais e softwares avançados vêm ampliando a capacidade de observação, mas muitas variáveis permanecem abertas, incluindo a periodicidade real dos ciclos de rotação e os impactos das oscilações no clima global.

Os efeitos das mudanças no núcleo sobre o clima, por exemplo, ainda estão sendo avaliados. Pequenas alterações na duração do dia podem, ao longo de décadas, influenciar a circulação atmosférica, a dinâmica dos oceanos e até mesmo os padrões de chuva e temperatura. Os especialistas seguem buscando respostas que permitam antecipar possíveis tendências e impactos nos próximos anos.

O que os cientistas ainda buscam descobrir sobre o núcleo da Terra?

A conexão entre o núcleo interno e fenômenos de superfície alimenta diversas linhas de pesquisa ao redor do mundo. Hoje, os especialistas investigam com maior detalhamento como as oscilações e inversões do núcleo afetam o campo magnético, a estabilidade atmosférica, o clima e a atividade sísmica global. Tais conhecimentos podem ser valiosos para aprimorar previsões sobre desastres naturais, entender os padrões de variação do tempo e proteger sistemas tecnológicos sensíveis às alterações magnéticas.

Próximos estudos devem contar com o aprimoramento dos equipamentos sismográficos e o cruzamento de dados entre países. Ao compreender as oscilações do centro do planeta, é possível não apenas avançar na pesquisa científica, mas também promover debates sobre como essas dinâmicas influenciam diretamente a vida e o cotidiano na Terra.