O núcleo da Terra para de girar, inverte a direção, e os humanos já estão sentindo os efeitos
Pesquisa com ondas sísmicas mostra possível inversão do núcleo terrestre
Pesquisas recentes apontam para mudanças intrigantes na dinâmica interna do planeta Terra. Um estudo publicado em 2023, realizado por especialistas da Universidade de Pequim e da Universidade do Sul da Califórnia, analisou dezenas de terremotos entre 1990 e 2021 e sugeriu que o núcleo interno da Terra pode ter reduzido sua velocidade, parado momentaneamente e até invertido seu sentido de rotação. Essas novas descobertas passam a compor o cenário científico sobre o funcionamento do centro da Terra, tema que desperta o interesse de especialistas em geociências e afeta o entendimento dos processos naturais que regulam o planeta.
O núcleo da Terra, formado por uma esfera sólida composta principalmente de ferro e níquel, está envolto por uma camada externa líquida. Essa estrutura profunda realiza movimentos rotacionais, resultantes de interações com o campo magnético terrestre e forças gravitacionais originadas no manto. As medições recentes indicam que o núcleo pode alternar seu sentido de rotação em ciclos que se repetem a cada sete décadas, o que levanta diferentes hipóteses sobre possíveis efeitos para o meio ambiente, as estações do ano e a vida moderna.
O que significa a rotação do núcleo da Terra?
A rotação do núcleo interno terrestre é um fenômeno complexo e só passou a ser investigado com maior precisão nas últimas décadas, graças ao avanço das técnicas de sismologia. O núcleo não gira de forma sincronizada com a superfície do planeta; sua movimentação é influenciada por forças internas e externas. Em determinados períodos, ele pode acelerar ou desacelerar em relação à crosta, e as pesquisas mais recentes sugerem que ele pode até inverter sua direção de giro.
De acordo com os dados coletados a partir da análise do tempo de propagação das ondas sísmicas que atravessam o centro do planeta, percebeu-se uma alteração nos padrões dessas ondas ao longo dos anos. Cientistas observam que em ciclos de cerca de 70 anos o núcleo alterna sua rotação, o que teria acontecido pela última vez na década de 1970 e estaria ocorrendo novamente agora.
Como a possível inversão do núcleo pode impactar o planeta?
A inversão ou desaceleração do núcleo terrestre é um fenômeno que pode trazer consequências sutis, porém significativas, para o meio ambiente e para o funcionamento de sistemas humanos. Uma das principais preocupações está relacionada ao campo magnético da Terra, responsável pela proteção contra a radiação solar e pelo correto funcionamento de instrumentos de navegação e comunicação. A interação entre o núcleo sólido e a camada líquida ao redor pode provocar variações nesse campo magnético, modificando seu formato e intensidade ao longo do tempo.
- Proteção contra radiação: Alterações no campo magnético podem influenciar a quantidade de radiação solar que atinge a superfície.
- Sistemas de navegação e comunicação: Satélites, bússolas e GPS dependem da estabilidade magnética para operar de forma precisa.
- Atividade sísmica e tectônica: Mudanças na rotação do núcleo podem influenciar indiretamente o comportamento das placas tectônicas e a ocorrência de terremotos.
- Duração dos dias: Estudos sugerem que pequenas variações, em escala de milissegundos, podem afetar a quantidade de horas num dia.

Quais os desafios para o estudo do núcleo terrestre?
Compreender o funcionamento do núcleo interno da Terra ainda representa um dos maiores desafios das geociências. Devido à sua inacessibilidade, todas as descobertas dependem de métodos indiretos, como a análise de ondas sísmicas produzidas por grandes terremotos. Equipamentos modernos, bancos de dados globais e softwares avançados vêm ampliando a capacidade de observação, mas muitas variáveis permanecem abertas, incluindo a periodicidade real dos ciclos de rotação e os impactos das oscilações no clima global.
Os efeitos das mudanças no núcleo sobre o clima, por exemplo, ainda estão sendo avaliados. Pequenas alterações na duração do dia podem, ao longo de décadas, influenciar a circulação atmosférica, a dinâmica dos oceanos e até mesmo os padrões de chuva e temperatura. Os especialistas seguem buscando respostas que permitam antecipar possíveis tendências e impactos nos próximos anos.
O que os cientistas ainda buscam descobrir sobre o núcleo da Terra?
A conexão entre o núcleo interno e fenômenos de superfície alimenta diversas linhas de pesquisa ao redor do mundo. Hoje, os especialistas investigam com maior detalhamento como as oscilações e inversões do núcleo afetam o campo magnético, a estabilidade atmosférica, o clima e a atividade sísmica global. Tais conhecimentos podem ser valiosos para aprimorar previsões sobre desastres naturais, entender os padrões de variação do tempo e proteger sistemas tecnológicos sensíveis às alterações magnéticas.
Próximos estudos devem contar com o aprimoramento dos equipamentos sismográficos e o cruzamento de dados entre países. Ao compreender as oscilações do centro do planeta, é possível não apenas avançar na pesquisa científica, mas também promover debates sobre como essas dinâmicas influenciam diretamente a vida e o cotidiano na Terra.