O que diz quem defende e quem critica Rita von Hunty sobre voto em Lula
Entenda o que dizem os que concordam com a influencer e reprovam voto em Lula no 1º turno e o que pensam aqueles que defendem o voto logo no ex-presidente
Nesta semana a drag queen Rita von Hunty, personagem do professor, ator Guilherme Terreri Lima Pereira, com mais de um milhão de seguidores em seu canal no Youtube, foi alvejada de críticas e apoios após se manifestar sobre o voto em Lula no primeiro turno das eleições.
O posicionamento de Rita incomodou parte da esquerda e contemplou outra parte. O fato foi que no final das contas o tema em si abordado pela drag, votar ou não votar no Lula no primeiro turno das eleições, foi menos discutido do que os ataques a sua imagem e a defesa dela.
Abaixo vamos elucidar os argumentos usados nas redes sociais para defender o posicionamento de von Hunty e os contrários à ela.
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Rita, que tem cerca de 950 mil seguidores em seu perfil no Instagram, publicou, no domingo, um texto criticando o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no lançamento de sua pré-candidatura. Von Hunty defendeu que as pessoas tenham um “voto radical no primeiro turno”.
Durante seu discurso no lançamento de sua pré-candidatura, no sábado, em São Paulo, Lula defendeu a soberania nacional, criticou Bolsonaro e as privatizações, falou em unir os democratas e negou sentimento de vingança por causa da Lava Jato que o condenou e o fez passar 580 dias preso, entre 2018 e 2019.
Rita e quem apoia seu posicionamento critica o fato de Lula não ter assumido compromissos com a estatização do que foi privatizado, revogação de medidas que achacam o trabalhador, como a reforma trabalhista, e coisas mais radicais.
Von Hunty usou texto de Guilherme Costa, publicado no site “Esquerda Diário” para criticar temas os quais Lula não se pronunciou: “Chamou a atenção pelo que não falou, como os militares, os milicianos, o STF, o Congresso ou mesmo as reformas neoliberais que Temer e Bolsonaro aplicaram nos últimos anos. Nenhuma linha sobre o teto de gastos, sobre a reforma da previdência, a lei da terceirização irrestrita? nadica de nada? Nada sobre a violência policial. Nada sobre a concentração obscena de terras nas mãos do agronegócio. Nada sobre a violência no campo. Nada de nada”.
Na web, os argumentos que concordavam com Rita von Hunty iam na mesma linha e também houve quem apontasse a defesa da democracia como mais uma questão válida e de acordo com a influencer.
“O posicionamento da Rita Von Hunty é perfeitamente democrático, a gente só é obrigado a escolher entre duas candidaturas no segundo turno. O primeiro deve ser feito com base em programa e discussão política. Isso é democracia”, disse o deputado federal David Miranda (PDT-RJ).
Outro argumento a favor do posicionamento da influencer apontou como equivocada a aliança de Lula com Geraldo Alckmin, que será seu vice nas próximas eleições.
“Parte do petismo na internet está mais revoltado com a Rita Von Hunty do que com Geraldo Alckmin. O mais triste disso é que esse grupo dedicado a atacar outros setores da esquerda não tem voz nenhuma no partido. Enquanto brigam na internet, a cúpula do PT ruma mais à direita”, escreveu a pagina Pensar a História (a de esquerda)
“E nenhum deles queria Alckmin na chapa presidencial. Mas ao invés de voltar essa energia que investem enchendo o saco de comunistas na internet para cobrar o partido a ir mais à esquerda, decidiram ser pinchers da conciliação de classes. Vão latir e latir, independente do porquê”, afirmou a pagina.
O OUTRO LADO
As criticas à Rita von Hunty sobre não votar em Lula já no primeiro turno se sustentam no fato do inimigo principal ser o atual presidente, Jair Bolsonaro.
“Com o risco real de um golpe por parte do fascista Bolsonaro e dos militares de seu governo, fazer declarações públicas que desestimulem o voto em Lula já no primerio turno não passa de irresponsabilidade e apoio indireto a Bolsonaro, já que só Lula pode derrota-lo”, apontou o ex-deputado Jean Wyllys (PT).
Para Wyllys criticar Lula no momento atual é sabotar a frente ampla contra Bolsonaro que se cria no país.
“As deputadas e vereadores negras e/ou trans, as ativistas feministas eleitas, as lideranças indígenas e as do MST ou MTST nunca têm espaço, ao passo que a a direita e extrema-direita toda são convidadas a falar e viram notícia, numa propaganda descarada mal-disfarçada. Aí, quando alguma voz da esquerda, por ressentimento, ideologia cega ou “utopia” dão margem a ataques a Lula e ao PT, sobretudo em eleições, ela automaticamente se torna fonte da imprensa corporativa; vira ‘notícia’ em suas redes, passam a ser ‘ouvidas'”, explicou Jean Wyllys.
“O objetivo da imprensa corporativa é , com isto, sabotar a frente ampla democrática e colocar o campo da esquerda em luta fraticida para impedir a vitória de Lula e Alckmin já no primeiro turno. E nós sabemos que foi esta mesma imprensa que ajudou a eleger Bolsonaro”, arrematou o ex-deputado.
O fato das candidaturas apontadas por Rita, a do PCB e do PSTU não terem chances reais de ganhar a eleição também foi apontada como radicalismo infantil, nas redes sociais, frente ao perigo eminente de Bolsonaro dar um golpe.
“Rita von Hunty propõe um voto útil no PSTU ou no UP. Motivo: Lula não se comprometeu em revogar as reformas neoliberais. Eu não tenho palavras para a infantilidade revolucionária. Pessoas estão passando fome e o Presidente disse que não vai aceitar o resultado se perder. Mas nada disso é importante, mesmo que o candidato não tenha se quer lançado o programa se governo. O importante é a revolução”, disse um internauta em tom irônico.
E por fim, a hipocrisia. “A Rita von Hunty fez propaganda para a Skol beats. Se vender para um grande empresa capitalista não tem problema, já apoiar o Lula desde o primeiro turno, aí não rola”, apontou um internauta.