Repórter da Globo é mantida refém em igreja evangélica no Pará

Nathália Kahwage, jornalista da TV Liberal, afiliada da Globo, registrou boletim de ocorrência e filmou a situação

20/10/2020 13:07

Uma repórter e um cinegrafistas da TV Liberal, afiliada da Globo no Pará, registraram boletim de ocorrência por cárcere privado e ameaças de morte após serem mantidos reféns, em uma igreja evangélica, durante uma reportagem.

Repórter da Globo é mantida refém em igreja evangélica no Pará
Repórter da Globo é mantida refém em igreja evangélica no Pará - Reprodução/TVLiberal

A matéria era sobre as enchentes no bairro de Curio-Utinga, em Belém, capital do estado, quando entraram no templo evangélico e foram presos lá dentro.

A repórter Nathália Kahwage e o cinegrafista Wanderley Prestes pediram autorização para uma pessoa que se identificou como obreiro e também para a Defesa Civil, foi então que entraram no prédio. Em seguida, um homem que se identificou como presidente da igreja e pastor disse que a equipe não poderia mais sair dali até que a polícia chegasse no local.

Segundo a denuncia da repórter e do cinegrafista, integrantes da igreja tentaram intimidá-los e impedi-los de registrarem imagens dentro da igreja evangélica.

Nas gravações, que foram ao ar no LJ1, telejornal local da afiliada da Globo, é possível ouvir um representante da igreja evangélica dizendo: “Você não vai sair”. A repórter Nathália Kahwage respondeu: “Eu vou processar […] Que palhaçada é essa? Isso aqui é cárcere privado!”.

Após insistirem, a repórter e o cinegrafista da Globo conseguiram sair do local. Eles registraram o boletim de ocorrência e Nathália relatou aos delegados que “tentava andar em direção à porta, porém eles seguravam pelo braço e ombro. As pessoas começaram a tentar tirar a câmera das mãos de Wanderley”. A repórter disse também que “o homem (pastor) passou a ameaçar, dizendo que se se a matéria fosse ao ar doe iria matar Wanderley”.

https://twitter.com/carlospatrick_m/status/1317599209642774528?s=20

A TV Liberal publicou uma nota de repúdio em seu perfil no Instagram e chamou o episódio de “violência injustificável e covarde”.

“No decorrer da cobertura sobre os estragos ocasionados pela chuva, a equipe entrou no local para mostrar a igreja que foi destelhada, e as telhas atingiram algumas casas da vizinhança por causa da chuva no bairro do Curió-Utinga, Adentraram com autorização da Defesa Civil e de um membro da igreja. Os dois profissionais estavam fazendo imagens no terceiro andar do templo quando um homem que se intitulou pastor da igreja e outras pessoas também integrantes da igreja surgiram, dizendo que os profissionais não tinham autorização para estar no templo. Ameaçaram a equipe e mantiveram-nos trancados sob ameaça no local”, publicou a emissora afiliada da Globo.

“O papel do jornalismo é estar junto da comunidade e a equipe estava realizando este trabalho. A TV Liberal acredita que toda essa violência injustificável e covarde decorre da intolerância e da incapacidade de compreender a atuação jornalística, que é a de levar informação aos cidadãos. Tal atitude feriu a liberdade de expressão e de imprensa. Além de atentar contra a equipe jornalística, estas pessoas atacaram o direito da sociedade de ser livremente informada. A liberdade de imprensa e o direito à informação são básicos nas sociedades democráticas, e estão sendo desrespeitados pelo autoritarismo. Sem jornalismo, não há democracia”, complementou.