Ruptura do padrão de beleza

Vitor Fernando é consultor de moda do Vitrine Catraca Livre (Foto: Latoya Winnie)

Por Vitor Fernando, do Vitrine Catraca Livre

O padrão de beleza é carregado de falta de personalidade e por isso deve-se entender como ausência de unicidade, porque padrão, que é uma característica do industrial, é estar adequado em medidas, proporções e leis em relação a um modelo pré-determinado.

Por outro lado, num objeto industrializado existe a segurança de que ele sempre apresentará tal formato, cor e função, o que é útil numa situação em que esse objeto quebra e deve-se comprar outro igual. No universo da beleza humana não se pode ter total certeza de que tantas pessoas irão se comportar como tal modelo, mesmo porque um ser humano não nasce espelhado numa pessoa bem-sucedida.

Há tempos o padrão de beleza é atrativo, já que os humanos criam suposições, medos e opressões sobre si: o homem pré-histórico que domina o fogo é interessante num momento em que não se sabe fazer fogo, assim como a mulher gorda é padrão de beleza quando o homem acredita que ela tem mais chances de conceber um filho.

Venus de Willendorf: representação de mulher da Idade da Pedra

O padrão de beleza existe desde que o homem é homem e a mulher é mulher. Não em nível universal, mas esteve sempre lá. Estar dentro de um padrão pode, por muitas vezes, facilitar uma tarefa, aumentar a produção e tornar algo acessível, mas estar num padrão e não ter função, não vale nada.