Série que virou fenômeno da Netflix chega ao fim

Depois de oito temporadas recheadas de humor ácido, momentos constrangedores e reflexões sobre amadurecimento, Big Mouth se despede dos fãs. A série animada da Netflix, que por anos acompanhou a caótica jornada da puberdade, encerra sua trajetória com o episódio final intitulado “The Great Unknown”.

A despedida é simbólica e, claro, repleta do absurdo que sempre fez parte da essência da série. Mais do que encerrar arcos, o último episódio propõe uma reflexão profunda (ainda que hilária) sobre a transição da adolescência para a vida adulta — aquele limbo estranho em que velhos medos dão lugar a novas inseguranças.

Uma escola, um buraco e o fim da infância

• A trama final começa quando os protagonistas descobrem que a Bridgeton Middle School, onde viveram tantos momentos, será demolida.
• O motivo? Algo tão absurdo quanto simbólico: no lugar da escola, será aberto um enorme buraco. Nenhuma justificativa clara é dada, e justamente por isso, o evento assume um tom metafórico.
• A destruição do prédio representa a despedida da infância, da puberdade e de tudo que esse espaço simbolizou para eles. É um encerramento literal e emocional de um ciclo.
• Movidos por esse anúncio, Nick, Andrew, Jessi, Missy, Jay, Lola e companhia retornam à escola para um último passeio — e, claro, para confrontar seus próprios medos e as incertezas do que vem pela frente.

Missy e a descoberta de quem ela é

• Missy, sempre dividida entre sua identidade e as expectativas dos outros, encara uma nova fase da vida.
• Ela inicia um relacionamento com Nate — uma versão mais madura e estranhamente parecida com sua antiga paixão da infância.
• Pela primeira vez, seus pais aceitam sua decisão amorosa sem resistência. Isso, no entanto, a deixa desconcertada, já que reflete seu eterno conflito entre desejar aceitação e questionar tudo ao seu redor.
• O arco de Missy se encerra com ela, finalmente, entendendo que está pronta para encarar a vida adulta do seu próprio jeito.

Jessi, entre o caos e o autoconhecimento

• Jessi segue enfrentando suas batalhas internas, especialmente as tensões com sua mãe e os reflexos das escolhas que fez até aqui.
• Ela lida com a ansiedade, o medo do futuro e até um princípio de dependência da maconha, que surge como válvula de escape.
• Apesar de suas crises, Jessi percebe que consegue rir das próprias tragédias e encara, de forma mais leve, a possibilidade de um estágio e os desafios que vêm com a vida adulta.

Jay, Lola e os amores que não sabem se ficam ou vão

• Jay e Lola, donos de uma das relações mais caóticas da série, seguem na sua montanha-russa emocional.
• Eles decidem criar um “filho” fictício chamado Featuring Ludacris, em uma tentativa desajeitada de construir estabilidade.
• Mesmo entre momentos de afeto, Lola hesita em dizer “eu te amo”. Sua insegurança e impulsividade acabam levando o casal a mais uma separação.
• Jay, por sua vez, se abre para uma nova possibilidade: uma conexão inesperada com Matthew, que também enfrenta seus dilemas sobre intimidade no relacionamento com Dewayne.

Andrew, Maury e o adeus à puberdade

• O encerramento mais simbólico da série gira em torno de Andrew e seu Monstro dos Hormônios, Maury.
• Após anos sendo guiado (ou atrapalhado) por Maury, Andrew descobre que sua puberdade chegou oficialmente ao fim. Seu corpo não irá mais mudar.
• A revelação vem carregada de melancolia, mas também de aceitação. É o sinal definitivo de que Andrew está pronto para deixar a adolescência para trás.
• Maury, então, é “transferido” para Nick — que, ironicamente, começa a experimentar as transformações hormonais que tanto desejou por anos.

O simbolismo da luz e o futuro que espera

• A cena final traz uma das metáforas mais fortes de toda a série: enquanto os personagens se despedem da escola, uma luz branca começa a envolvê-los.
• Essa luz representa o futuro — desconhecido, desafiador, mas inevitável. Cada um deles hesita antes de atravessar, refletindo o medo do que vem pela frente.
• Aos poucos, todos aceitam atravessar. Nick e Andrew encerram sua jornada juntos, prometendo, silenciosamente, que enfrentarão o futuro lado a lado.
• À medida que cruzam, suas formas animadas se desfazem, marcando não só o fim da puberdade, mas também o fim da própria série.
• Personagens secundários, como os monstros e criaturas de Human Resources, fazem breves aparições, lembrando que emoções e desafios não desaparecem — eles apenas mudam de fase.
• Algumas ausências, como Montel e Elijah, ficam sem explicação, reforçando que nem toda história na vida tem um encerramento claro.

Crescer é estranho, mas é inevitável

• Big Mouth se despede reafirmando seu principal legado: a vida é um eterno aprendizado, repleto de vergonha, tropeços e incertezas. E, apesar de tudo, seguimos em frente — seja com monstros dos hormônios ou apenas com nossas próprias dúvidas.