Solidão da mulher negra: vamos entender?

Em parceria com Superela
15/12/2016 10:55 / Atualizado em 07/05/2020 04:34

Texto escrito por Thayse Lopes, colunista do Superela.

Vamos começar esse texto sobre a solidão da mulher negra contando algumas histórias para nos fazer pensar, abrir o cérebro e entender o que está por vir!

Sobre a solidão da mulher negra:

Antigamente, lá na época da escravidão, os senhores de engenho tinham as negras e as índias como escravas sexuais, que eram tidas para o sexo consentido ou não (estupro). Eram consideradas sangue quente, boas de cama porque toleravam todas as orgias deles (óbvio, não tinham como recusar). Elas eram para as trepadas, já as moças brancas e de família, eram as esposas. Os donos dessas mulheres as abusavam, as estupravam, as obrigavam a realizar todos os seus fetiches e isso é refletido até os dias de hoje.

Seja por estereótipos ou falta de representatividade, a supersexualização da mulher negra é evidente. Daí também ainda ouvimos que mulher preta é mulher boa de cama, é mulher boa para uma foda. O que não pensamos é que mulher pode gostar de sexo, umas mais outras menos e isso independe da cor da pele. Porém, estamos tão acostumados com o perfil racista que nem nos damos conta de como continuamos reproduzindo isso.

Pois bem, a dificuldade de relacionar-se faz com que, muitas de nós, desista do amor (se é que isso é possível). Nesse ato de desistência, nos vemos solitárias, carentes e aceitando o que nos é oferecido. Ou seja, acabamos aceitando estar com homens que não nos tratam bem por medo de encarar a solidão. Isso acontece com todas as mulheres, mas com as negras isso vem com o peso do racismo.

Imagine a cena: uma mulher negra está naquele famoso “rolo” com um cara legal e também preto. Está tudo fluindo muito bem, mas ele não quer assumir uma relação mais séria e ela sim. Os motivos dele para a recusa? São vários, mas um deles é que não está preparado para isso. Ok! Eles estão ficando e está legal. Certo dia, assim do nada, ele termina a relação ou simplesmente desaparece mesmo e, dias depois, aparece namorando com outra. E a outra é de pele branca. É claro que a cabeça da moça dá um nó. “Como assim ele está namorado? Ele dizia que não estava preparado”. É, amiga. Ele não estava preparado para te assumir perante a sociedade, mas estava para assumir outra moça e ela é branca.

Para explicar essa cena descrita acima, vamos voltar novamente ao tempo da escravidão. Naquela época, muitas sinhás (nome dado às donas dos escravos) se sentiam solitárias, deixadas de lado por seus maridos e com isso algumas encontravam “conforto” nos braços dos seus escravos. Para eles, ser escolhido pela sinhá para uma trepada, era incrível. Imagina, minha dona me escolheu para foder com ela. Uau! Isso era motivo para se vangloriar perante a senzala.

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