Taís Araújo desistiu de interpretar Joana D’Arc Félix no cinema
"Eu não era a pessoa mais adequada", disse a atriz
Taís Araújo desistiu de interpretar a cientista brasileira Joana D’Arc Félix no cinema por causa do tom da sua pele.
A atriz, já havia sido confirmada para o papel, mas voltou atrás após as críticas que sofreu por seu tom de pele ser mais claro para interpretar Joana D’arc Felix, uma negra retinta.
A atriz concordou com as críticas e desistiu. “Eu não era a pessoa mais adequada”, disse. Ela continua envolvida no projeto, mas terá outra personagem ou ficará apenas atrás das câmeras, na produção.
“É algo curioso, porque às vezes você pensa que é uma pessoa instruída, e mesmo assim comete falhas. Eu reflito sobre isso o tempo todo. Quando anunciaram que eu ia fazer a Joana D’Arc, tiveram vários comentários criticando, falando ‘Ela é muito clara’. E quando li aquilo, vi que eles estavam totalmente certos”, afirmou Taís.
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“Eu não preciso fazer a Joana D’Arc, já faço tanta coisa! Posso fazer o projeto acontecer com uma outra atriz, mais adequada para interpretar a personagem. Porque essa atriz existe, e não sou eu”, ressaltou a atriz.
A estrela da Globo justifica que dar a oportunidade para uma outra profissional, com pele mais retinta, é uma forma da luta antirracista não ficar só no discurso. “Nosso país tem milhões de problemas, e essa atriz de pele mais escura deve estar cansada de ouvir que não pode fazer um ou outro papel porque não é adequado para ela. Nesse caso, o papel é absolutamente adequado, então ninguém vai dizer que ela não pode fazer.”
Taís reconheceu que quando topou participar do projeto do filme sobre a vida da cientista, não pensou sobre o tom de sua pele. “Quando eu vi aquilo, pensei: ‘Caralho, é uma cientista negra, com não sei quantas patentes’… Eu sou fominha pra caramba, quero contar a história dessa mulher. Nem cogitei que não era a atriz adequada [para interpretá-la no cinema]”, admite ela.
A experiência de receber críticas por ser “muito clara” abriu os seus olhos. “Percebi que nós temos de aprender todo dia, estar sempre evoluindo. Acho que essa inclusão ainda é um processo muito recente, e nós vamos cometer falhas, e vamos cometer excessos. É um caminho que nunca trilhamos, e que não sabemos onde vai dar. Mas com certeza vai ser para um mundo diferente, mais justo, porque nesse aqui nós já vivemos demais e cansou”, disse.