Taís Araújo desistiu de interpretar Joana D’Arc Félix no cinema

"Eu não era a pessoa mais adequada", disse a atriz

Taís Araújo desistiu de interpretar a cientista brasileira Joana D’Arc Félix no cinema por causa do tom da sua pele.

A atriz, já havia sido confirmada para o papel, mas voltou atrás após as críticas que sofreu por seu tom de pele ser mais claro para interpretar Joana D’arc Felix, uma negra retinta.

Por tom de pele, Taís Araújo desiste de viver cientista renomada no cinema
Créditos: Reprodução/Instagram
Por tom de pele, Taís Araújo desiste de viver cientista renomada no cinema

A atriz concordou com as críticas e desistiu. “Eu não era a pessoa mais adequada”, disse. Ela continua envolvida no projeto, mas terá outra personagem ou ficará apenas atrás das câmeras, na produção.

“É algo curioso, porque às vezes você pensa que é uma pessoa instruída, e mesmo assim comete falhas. Eu reflito sobre isso o tempo todo. Quando anunciaram que eu ia fazer a Joana D’Arc, tiveram vários comentários criticando, falando ‘Ela é muito clara’. E quando li aquilo, vi que eles estavam totalmente certos”, afirmou Taís.

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“Eu não preciso fazer a Joana D’Arc, já faço tanta coisa! Posso fazer o projeto acontecer com uma outra atriz, mais adequada para interpretar a personagem. Porque essa atriz existe, e não sou eu”, ressaltou a atriz.

A estrela da Globo justifica que dar a oportunidade para uma outra profissional, com pele mais retinta, é uma forma da luta antirracista não ficar só no discurso. “Nosso país tem milhões de problemas, e essa atriz de pele mais escura deve estar cansada de ouvir que não pode fazer um ou outro papel porque não é adequado para ela. Nesse caso, o papel é absolutamente adequado, então ninguém vai dizer que ela não pode fazer.”

Taís reconheceu que quando topou participar do projeto do filme sobre a vida da cientista, não pensou sobre o tom de sua pele. “Quando eu vi aquilo, pensei: ‘Caralho, é uma cientista negra, com não sei quantas patentes’… Eu sou fominha pra caramba, quero contar a história dessa mulher. Nem cogitei que não era a atriz adequada [para interpretá-la no cinema]”, admite ela.

A experiência de receber críticas por ser “muito clara” abriu os seus olhos. “Percebi que nós temos de aprender todo dia, estar sempre evoluindo. Acho que essa inclusão ainda é um processo muito recente, e nós vamos cometer falhas, e vamos cometer excessos. É um caminho que nunca trilhamos, e que não sabemos onde vai dar. Mas com certeza vai ser para um mundo diferente, mais justo, porque nesse aqui nós já vivemos demais e cansou”, disse.