The Voice dá porrada no racismo e arrepia ao homenagear a negritude

"Esse é um programa de entretenimento, mas as vezes é umas pancadas dessas. Faz parte, arte é isso também" afirmou Thiago Leifert.

28/08/2019 00:41 / Atualizado em 24/09/2019 16:00

Durante o The Voice, da noite desta terça-feira, 27, o racismo se tornou tema e uma apresentação arrepiou a todos ao homenagear a negritude. Luciano Bhea e Tamires Santana interpretaram a música, famosa na voz de Elza Soares, “A Carne” e comoveram os jurados. Os dois disputavam uma vaga no programa pelo time de Lulu Santos.

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The Voice dá porrada no racismo e arrepia ao homenagear a negritude
The Voice dá porrada no racismo e arrepia ao homenagear a negritude - Reprodução/TVGlobo

“Esse é um programa de entretenimento, mas as vezes é umas pancadas dessas. Faz parte, arte é isso também” afirmou Thiago Leifert.

Iza elogiou a apresentação, mas achou que a emoção transbordou demais e em alguns momentos prejudicou a parte técnica. “Eu estou impactada até agora. vocês trouxeram uma avalanche de emoção para a gente. Deu para ver como essa música é visceral para vocês”.

Ivete Sangalo discordou da jurada novata e apontou a luta anti-racista como prioridade na canção. “Essa canção tem muito a dizer. E a necessidade de dizer é muito maior do que qualquer outra possibilidade. Eu acho que a prioridade foi a mensagem e não teria outra alternativa, se não colocar isso como prioridade e vocês fizeram isso”.

Aquele que aponta para o outro, aquele que faz a coisa acontecer dentro do preconceito é porque ele não consegue enxergar os seus próprios defeitos, as suas próprias fraquezas. Qual é a saída? Apontar para o outro. E é preciso que o outro diga: “Aqui não, meu irmão, me respeite, aqui não”. E é assim, na navalha que precisa ser dito. Eu acho que esse programa tem esse poder, além de trazer grandes artistas, trazer uma grande mensagem e para mim o papel de vocês hoje foi exatamente este. Pra mim foi impactante”, finalizou Ivete.

Lulu Santos ficou muito emocionado e concordou com Ivete e também com Iza. “Eu entendo o que Ivete disse, a urgência, a necessidade disso que vocês disseram com essa canção tão brilhantemente gravada por Elza Soares, que vocês tornaram de vocês, mas também concordo com Iza: ‘Vamos transformar essa emoção em uma coisa que nos construa e não numa coisa que nos derrote'”, disse o líder do time de Luciano e Tamires.

“Para essa luta toda que vocês tem pela frente e que também é nossa, porque todos nós queremos essa igualdade para todos. Nós não seremos um, se não formos todos iguais e ao mesmo tempo. Foi de uma intensidade que é difícil que alguém em casa, na platéia possa ter ficado imune. O recado de vocês foi dado”, salientou Lulu Santos.

Ao final, Tamires foi escolhida para continuar na competição, Luciano não foi escolhido por nenhum outro jurado e deixou o The Voice.

Para assistir a íntegra da apresentação clique aqui

Confira a repercussão na internet:

https://twitter.com/juliana_real/status/1166536825067986944?s=20

https://twitter.com/nunafrans/status/1166537653283672065?s=20

https://twitter.com/rihmono/status/1166545055533993986?s=20

https://twitter.com/MmMordam2/status/1166546498034839552?s=20

Veja a letra de “A Carne”:

A carne mais barata do mercado
É a carne negra
A carne mais barata do mercado
É a carne negra Que vai de graça pro presídio
E pára debaixo do plástico
E vai de graça pro sub-emprego
E pros hospitais psiquíatricos
A carne mais barata do mercado
É a carne negra Que fez e faz e faz história
Segurando esse país no braço, meu irmão
O cabra aqui, não se sente revoltado
Porque o revólver já está engatilhado
E o vingador eleito
Mas muito bem intensionado
E esse país vai deixando todo mundo preto
E o cabelo esticado
Mas mesmo assim, ainda guarda o direito
De algum antepassado da cor
Brigar sútilmente por respeito
Brigar bravamente por respeito
Brigar por justiça e por respeito (Pode acreditar)
De algum antepassado da cor
Brigar, brigar, brigar, brigar
A carne mais barata do mercado
É a carne negra, negra, negra, carne negra (Pode acreditar)
A carne negra