As pessoas com o cabelo mais vermelho do mundo
Apesar da Rússia contar com mais de 20 repúblicas diferentes dentro de suas fronteiras, e ser lar de pelo menos 190 grupos étnicos, sua capital, Moscou, é agressivamente nacionalista.
Pensando em como seria a vida das minorias étnicas que vivem lá, o jornalista Mark Stratton, da BBC News, viajou 500 milhas (750 quilômetros) a leste de Moscou, onde seis pequenas repúblicas se agrupam.
São elas: Chuváchia, Mari El, Tatarstan, Udmúrtia, Mordóvia e Bashkortostan.
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Se unindo a Rússia por uma questão de sobrevivência, cuja junção remonta a década de 1550 – quando a Rússia czarista estava em guerra com os saqueadores tártaros – a maioria dos cidadãos de Chuváchia admitem que séculos de mistura com russos e tártaros tornaram difícil definir a verdadeira aparência de seu povo.
No entanto, desde o fim da União Soviética a cultura Chuváchia sofreu uma espécie de renascimento, onde a língua Chuvache, por exemplo, passou a ser ensinada ao lado do russo nas escolas, e nas ruas as placas passaram a ser escritas em ambas as línguas.
A apenas 60 milhas (90 quilômetros) de distância, em meio a floresta, está Mari El, a república vizinha. Os Maris migraram para a região no século 6, e sua linguagem se aproxima do finlandês. Muito próximos aos russos, mais uma vez eles relataram ao jornalista que é impossível definir um Mari típico por causa de séculos de casamentos mistos.
Ao longo dos séculos, grande parte das pessoas que compõem essas repúblicas abandonaram suas religiões folclóricas tradicionais, se convertendo para o cristianismo ortodoxo. No entanto, uma minoria ainda pratica o culto popular.
“Cada aldeia rural tem um xamã que lidera as idas aos bosques sagrados, onde realizamos festas e oferecemos sacrifícios de animais para os espíritos nas árvores”, explica uma das locais.
Ao perguntar se a Igreja Ortodoxa Russa desaprovava esta prática, Mark é surpreendido: “Não. Nós pertencemos as duas crenças. Na parte da manhã as pessoas podem ir à igreja e a tarde visitar as florestas sagradas.”
Dentre as repúblicas, a identidade cultural mais forte que o jornalista encontrou foi a dos tártaros muçulmanos, que compõem pouco mais de 50% do Tartaristão. Hoje em dia a capital Kazan é uma cidade progressista, moderna e rica em petróleo, e desde que o comunismo acabou, dois lugares de culto, deslumbrantemente ornamentados, foram reconstruídos lá: a Mesquita Qolsharif e a Catedral da Anunciação.
“Eles foram reconstruídos, simultaneamente, pelo nosso governador para mostrar imparcialidade ao lidar com as diferentes crenças”, explica o professor Muhametzanova, ao jornalista.
“Mais tarde, acabei por encontrar os Mordvins, de Mordóvia, os Bashkirs, de Bashkortostan, e os Udmurts – e, embora todas as culturas tenham assimilado fortemente a cultura russa, alguns Udmurts realmente possuem uma cabeleira vermelha brilhante, os cabelos mais vermelhos do mundo”, finaliza o jornalista.
Com informações BBC