Projeto fotográfico gratuito celebra a diversidade e a singularidade da beleza negra
Quantos negros vemos, diariamente, ocupando papéis de protagonismo em novelas, filmes, desenhos, séries e propagandas? Quantos negros vemos, diariamente, colocados em uma posição de referência de beleza? Respondemos: poucos, na verdade, pouquíssimos. E quando acontece, na maior parte das vezes, esses personagens apresentam uma história de ascensão um tanto quanto controversa.
Embora, padrões de beleza sejam cultural e historicamente construídos, e o Brasil apresente uma população composta em seu maioria por negros e pardos, ainda hoje vivemos aqui uma ditadura da beleza anoréxica-eurocêntrica, onde ser bonito é ser branco, magro, e com traços considerados “finos e delicados”.
Procurando quebrar essa hegemonia estética e dar espaço midiático para uma minoria cuja beleza é pouco valorizada pela grande mídia, a estudante de jornalismo Georgia Kiesel, de 21 anos, criou o projeto fotográfico “Celebrando a Negritude” – uma página do Facebook que reúne fotos de negros e negras, de diversas idades, tamanhos e estilos, que tem como objetivo celebrar a diversidade e a singularidade da beleza negra.
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“Iniciei minha carreira na fotografia há mais ou menos um ano. Certa vez, assistindo a um comercial, notei que embora houvesse uma pequena presença de mulheres negras na mídia em geral, os padrões eram sempre os mesmos: altas, magras, traços finos e estilos mais despojados e modernos”, conta a estudante ao Catraca Livre.
“Foi, então, que me veio a inspiração para o projeto. Passamos a convidar ‘modelos’, que na verdade são pessoas comuns, através do Facebook. Como a maior parte delas não tem acesso ou condições de pagar um ensaio fotográfico profissional, damos as fotos de presente para elas e as usamos em nossa página. Visamos pura e simplesmente a exaltação da beleza negra em todas as suas formas, estilos, rostos e sexos. É uma forma de reafirmar a identidade do negro, mostrando a verdadeira diversidade.”
Com 572 curtidas, a página apresenta uma rica variedade de belezas e estilos, e também pode servir como uma grande referência de looks, para quem gosta de moda. “A parte mais gratificante é que, quanto mais o projeto cresce, mais voluntários temos, e eles nos contam suas histórias, como costumavam odiar seus cabelos encaracolados, ou seu corpo mais ‘cheinho’, ou os problemas de confiança enraizados em preconceitos diários e diversos. O projeto acabou realmente encorajando pessoas a se aceitarem e se amarem como são”, finaliza.
Com perspectivas de crescimento, o projeto hoje conta com o apoio de Rafaela Souza, primeira modelo fotografada pela página, e pretende, em futuro próximo, agregar crianças.
Para conhecer melhor e participar do trabalho basta acessar a página aqui e se voluntariar.
Veja outras fotos do projeto: