Projeto oferece oportunidades e dá visibilidade para mulheres negras e gordas no mundo da moda
O mercado publicitário e as semanas de moda pelo mundo possuem um padrão tradicional para as modelos: brancas. Claro que, entre centenas de profissionais com este estereotipo, existe uma ou outra modelo negra isolada em uma realidade que não lhe proporciona as mesmas chances das colegas caucasianas.
Se somar à cor da pele o fator peso, o mercado da moda ainda é mais restritivo. Observe: quantas modelos negras e gordas de sucesso existem no mundo? A brasileira Silvia Neves e a americana Marquita Pring são duas. Quem mais? Pense. Difícil, não? Sim, uma mulher plus size e negra está sujeita a ser vítima de dois preconceitos distintos na vida, mas quando o assunto é moda, tudo fica bem mais complicado.
Não à toa foi criado em 2013 o Africa Plus Size Fashion Week Brasil para reunir mulheres gordas e negras em busca de um lugar ao sol neste preconceituoso universo fashion. Idealizada pela modelo Luciane Barros, que tem 118 kg, 1,77 m de altura e manequim 54, a plataforma nasceu para conquistar o espaço que ela nunca conseguiu pelas vias tradicionais book-agência-casting-trabalho.
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“Estamos inserindo uma nova proposta dentro da moda onde trabalhamos com o perfil de mulheres que representam a mulher brasileira de fato, onde em sua maioria em aproximadamente 60% da população está classificado como acima do peso”, explicou Luciane ao Estilo Catraca Livre.
O projeto de moda criativa promove desfiles e ainda dá visibilidade para estilistas e empreendedores que oferecem produtos que contemplam o público que também tem formas e medidas consideradas “fora do padrão”.
“Se antes as pessoas conseguiam esconder seu preconceito, hoje, o que era velado está escancarado. Muito por conta das redes sociais. Para muitos a cor da pele é uma questão que incomoda. A visibilidade de um projeto como este incomoda mais ainda, mas nada disso nos impede de ter orgulho do que somos e de nossa aparência. O preconceito apenas nos dá mais garra”, contou.
Ao lado do sócio, o produtor cultural Jader Florêncio, Luciane coordena eventos e distribui trabalhos para as atuais 15 modelos que fazem parte do cast do projeto. “A partir de 2016 realizaremos desfiles acompanhando os calendários oficiais da moda. Quando houver a São Paulo Fashion Week também haverá Africa Plus Size Fashion Week Brasil mostrando tendências étnicas confeccionadas por estilistas talentosos que trabalham neste ramo”, concluiu Luciane.
No próximo dia 22 a equipe do projeto estará na “Mostra de Criadoras em Moda: Mulheres Afro-Latinas”, no Sesc Interlagos. A entrada é gratuita e aberta ao público.