Como viajar o mundo por 1 ano com um bebê

Em parceria com ViraVolta
15/01/2016 19:13 / Atualizado em 07/05/2020 01:56

Carol Fernandes, fundadora do Projeto ViraVolta, que ajuda pessoas a planejar e realizar longas viagens pelo mundo, diz que ainda existe um receio muito grande dos brasileiros com relação à idéia de viajar o mundo com crianças pequenas. Mas durante a sua viagem de dois anos pelo mundo ela conheceu inúmeras famílias vivendo essa aventura com crianças de todas as idades, até mesmo crianças de apenas 6 meses de idade.

Após tantos exemplos positivos de famílias viajantes ela diz ter se dado conta de que o preconceito com essa idéia aqui no Brasil vem na verdade da cabeça dos pais apenas. As crianças têm muito mais facilidade de adaptação do que os adultos, que já estabeleceram determinados padrões para as suas vidas. Crianças se divertem com tudo e se comunicam facilmente mesmo sem falar a língua. As famílias viajantes também dizem se sentir seguras viajando e que crianças ajudam a abrir as portas em qualquer lugar. A questão é… Crianças existem em qualquer lugar do mundo então porque seus filhos também não poderiam passear com você por esses lugares?

Para motivar mais brasileiros com essa idéia o projeto convidou o casal de brasileiros Tati e Rafa, dos blogs Chico On the Road e Viva Bossa, que estão viajando o mundo com o filho Chico, de um pouco mais de 1 ano, para compartilhar sua história e passar dicas de como viajar com uma criança pequena.

Texto de Tatiana Pavanello

Somos um casal de 34 anos, com um bebê de 1 ano e 5 meses (o Chico!). Mudar de vida e realizar uma volta ao mundo era um sonho antigo meu e do Rafa, mas quando veio a gravidez do Chico esse sonho parecia estar cada vez mais distante de ser realizado…

Fizemos carreira por cerca 15 anos em grandes empresas multinacionais. Porém, depois da minha licença maternidade, quando nada mais se encaixava ou fazia sentido, conversamos muito, e decidimos abandonar essa trilha para buscar nosso sonho de viver uma vida mais leve. Veio então a idéia de partir para um período sabático, viajando por 1 ano e meio pelo mundo com o Chico. No entanto, dividimos nossa viagem em etapas de no máximo 4 meses, e entre cada etapa voltaremos para o Brasil, para rever nossa família e amigos.

Durante o planejamento ficamos um pouco inseguros, pois esta jornada de volta ao mundo com um bebê é inédita, e não tínhamos a quem recorrer para tirar nossas dúvidas!

Mas, afinal, quais são os reais riscos envolvidos para o bebê? Ficar doente em um país estranho talvez seja o maior deles. Para estarmos prevenidos, nossa pediatra (que é entusiasta do nosso projeto desde o princípio) nos receitou uma “farmacinha” com vários medicamentos homeopáticos e alopáticos de uso mais geral. Além disso, montamos um plano de vacinação considerando nosso cronograma de viagem e fizemos um seguro saúde internacional.

Outro risco era o Chico não se adaptar e sentir demais a mudança constante de casa.
Aqui tivemos que assumir o risco, mas baseado em outras viagens que havíamos feito com ele já sabíamos que o risco era baixo. E tivemos uma grata surpresa neste ponto! O Chico se adapta muito bem aos novos lugares, e cada vez mais rápido!!

 
 

DICAS PARA VIAJAR PELO MUNDO COM UM BEBÊ

ROTINA: a rotina do bebê precisa ser mantida! Não temos rigidez militar com os horários, mas mesmo com certa flexibilidade, as refeições e os soninhos precisam acontecer dentro de um horário minimamente respeitado. Caso contrário todo mundo sofre!! A rotina que eu tinha na minha casa no Brasil com o Chico é a mesma que tenho em qualquer outro país do mundo!

ALIMENTAÇÃO: este ponto é absolutamente crucial para a viagem ser tranquila! Nós optamos por nos hospedar sempre que possível em casas alugadas (via AirBnb), onde tenho a minha própria cozinha para preparar as refeições do Chico! Cozinhando a comida do bebê gastamos menos e ele come muito melhor! E ainda, com a comidinha dele na mochila, já preparada antecipadamente por mim, independente do local que estamos ele tem seu horário de almoço respeitado, e fica muito mais calmo! Bom para o bebê, bom para os pais! Sempre levo potinhos plásticos e uma bolsinha térmica para armazenar as comidinhas do Chico e levar durante o dia em nossos passeios.

AMAMENTAÇÃO: o Chico ainda mama em livre demanda, então tudo fica muito mais fácil e prático! Sou uma grande defensora da amamentação! Só tem vantagens, ainda mais quando se está viajando!! Arriscamos dizer que a amamentação está viabilizando a realização desse nosso sonho de viajar o mundo! Seria muito difícil se o Chico não mamasse mais! Não só pelo leite em si, mas pela tranquilidade que mamar traz para o bebê, por acabar com os efeitos da pressão do sobe e desce dos aviões e por não precisarmos carregar latas de leite na bagagem. Para quem usa leite artificial precisa prestar muita atenção neste ponto. Como algumas fórmulas de leite são bem específicas, se o bebê está acostumado a tomar somente um tipo, é preciso ter certeza que o local a ser visitado terá esta fórmula, caso contrário será preciso levar o estoque para a viagem toda!

MAIS TEMPO EM CADA DESTINO: o que diferencia uma viagem com e sem bebê ou crianças pequenas é o ritmo! Não tem jeito, com os pequenos é preciso desacelerar! Também tem que ter em mente que os dias das movimentações para chegar ou sair de um lugar (avião, conexões, taxi, ônibus, trem, etc) são mais cansativos e requerem ainda mais paciência e calma com o bebê. É muito mais difícil seguir a rotina nestes dias, então quanto menos “picadeira” na viagem melhor!

SLING: é o acessório mais essencial para nós, principalmente pela praticidade! Uso muito mais que carrinho! O modelo que mais gosto é o Wrap sling. Mas recomendo também levar o carrinho. Ele não conta como bagagem e tem sua utilidade.

CLIMA: fizemos todo nosso planejamento das viagens fugindo dos climas extremos nos lugares em que visitaríamos: muito frio, muito calor, chuva, furacão, neve…

FUSO HORÁRIO: paciência para a adaptação! Em alguns dias os bebês entram no fuso local, e tudo se acerta!! No Japão, que é a pior diferença em relação ao Brasil (12 horas), o Chico demorou 8 dias para voltar aos seus horários normais de sono.

MALA DO BEBÊ: não é preciso levar tanta coisa assim. Levo uma quantidade de roupas para 10 dias e lavo pelo caminho. Trouxemos apenas 4 pequenos brinquedos (1 bolinha, 1 carrinho, 1 livrinho e um joguinho de encaixar), afinal tudo vira brinquedo para crianças e tentamos usar mais a imaginação. Para os itens de higiene como fraldas, lenços umedecidos, shampoo, pomada para assadura e protetor solar carregamos o necessário para uma semana e compramos pelo caminho. Nunca tive dificuldades em encontrar boas opções. Ainda levo itens importantes como o travesseiro, manta para dormir, uma toalha e uma piscina inflável (que eu uso pra dar banho). Mas isso não adiciona uma mala a mais para o bebê. Carregamos junto com as nossas coisas. Aqui nesse post você encontra um checklist completo para a mala do bebê.

CUSTO ADICIONAL DO BEBÊ: praticamente zero. Bebês com menos de 2 anos não pagam nada em quase nenhum lugar (passagem, hospedagem, entradas em locais turísticos e etc.). Os únicos gastos adicionais que tivemos com ele foi para fazer o seguro saúde internacional e alguns vistos em determinados países.

DICA GERAL: leveza e calma para saber driblar os possíveis perrengues! Tudo que acontece em casa, acontece nas viagens!! Choro, birra, falta de apetite, fralda que vaza, cansaço… Todos os dias temos que lidar com situações novas com o Chico, e nosso maior aprendizado é ter calma!

PARADIGMAS QUE QUEBRAMOS COM A NOSSA AVENTURA

  • “Melhor aproveitar agora, porque depois que tiver filho, acabou”: óbvio que tudo muda quando você tem um filho, tudo mesmo, mas em momento nenhum um filho é um obstáculo para aproveitarmos a vida!! Adaptando algumas coisas, é perfeitamente possível se aventurar pelo mundo com seu pequeno!! E de uma maneira leve e divertida pra todo mundo!
  • Avião com bebê: precisa se preparar?: Sim! Especialmente para viagens longas. Mas a nossa realidade vem sendo bem melhor e mais fácil do que imaginamos!
  • “Viagem com filhos pequenos? Só se for para resort!”: não, não e não!!! Resort é uma opção, claro, mas dá pra ir com nossos baixinhos para praticamente todos os lugares do mundo, e curtir tudo junto com eles!!!
  • “É perigoso viajar o mundo com um filho pequeno”: Um bebê ajuda (e muito!!) a abrir portas nas viagens! As interações ficam muito mais leves e fáceis!!! As pessoas são bem mais dispostas a ajudar quando veem que estamos com um bebê!

O “trabalho” que você tem em casa é o mesmo que terá em qualquer outro local do planeta, tanto nas coisas boas quanto nas não tão boas assim… Portanto, se aventure, explore, se jogue no mundo com seu pequeno!!! Quanto mais cedo você coloca seu filho na estrada, mais cedo ele se acostuma e se torna um super companheiro de viagem!

Acreditamos piamente que esta experiência vai ficar marcada em algum cantinho da memória do Chico e vai contribuir positivamente na formação de sua personalidade!!

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