Escola quer ter nome de escritora negra símbolo contra racismo
Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é uma das maiores escritoras brasileiras do século passado. Considerada uma das primeiras e mais importantes autoras negras do país, em seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, ela narrou sua própria experiência de vida na época em que morava em um barraco de madeira com os filhos, em uma comunidade pobre no Canindé, região central de São Paulo.
Na obra, publicada em 1960, ela conta que os “vizinhos de alvenaria” olhavam os “favelados” com “repugnância” e “ódio” por não quererem a favela naquele local. A comunidade onde Carolina morava, às margens do rio Tietê, foi demolida após a grande repercussão de seu livro. Porém, hoje, o Canindé se prepara para homenagear a ilustre moradora. O nome da escritora batizará a EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Infante Dom Henrique, que fica próxima onde a autora viveu com sua família.
A mudança do nome da escola foi decidida em um referendo entre alunos, professores, funcionários e pais dos estudantes. Os nomes sugeridos para a votação eram, além do da escritora Carolina de Jesus, o do escritor Ariano Suassuna, o da pintora mexicana Frida Kahlo e o da escritora Patrícia Galvão. Entre os 432 votos contabilizados, o nome de Carolina recebeu 42% dos votos.
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Os gestores da escola pretendem que a mudança do nome ajude também a combater práticas racistas e xenofóbicas entre os alunos. A decisão representa o resgate da memória de uma mulher negra migrante em um colégio público frequentado por muitos estrangeiros, em especial, bolivianos e angolanos. Inaugurada em 1960, a escola tem cerca de 530 alunos, sendo que cerca de um quinto é de estrangeiros.
O processo de alteração do nome da escola seguirá por um projeto de lei, que deve ser encaminhado por um vereador na Câmara Municipal, onde deve ser aprovado, para depois seguir para a sanção do prefeito.
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