Infraestrutura inadequada das escolas causa prejuízos ao aprendizado
Segundo o Censo Escolar de 2014, apenas 4,4% das escolas de Educação Básica do Brasil possuem todos os itens de infraestrutura listados no Plano Nacional de Educação (PNE). Isso significa que, na prática, apenas 6.504 unidades da rede pública de ensino reúnem, ao mesmo tempo em suas dependências, água filtrada, esgoto tratado, acesso à energia elétrica e à internet de banda larga, biblioteca ou sala de leitura, quadra e laboratório de ciências. O objetivo traçado no Plano é garantir essas condições para a totalidade das escolas, até o ano de 2024.
Pesquisa realizada por professores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) construiu uma escala de vários níveis para medir as condições físicas de cada instituição de ensino pública do País. O propósito era estabelecer um parâmetro de quão equipada uma escola é.
Com base nos dados do Censo Escolar de 2011, os pesquisadores determinaram que quase metade das escolas tinham infraestrutura elementar, ou seja, apresentavam apenas itens como água, sanitário, energia, esgoto e cozinha. Somente 0,6% das unidades de ensino teve a infraestrutura considerada “avançada”, com recursos como laboratório de ciências e dependências que atendam estudantes com necessidades especiais.
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Para Joaquim José Soares Neto, professor da UnB e um dos pesquisadores responsáveis pela escala, a falta de infraestrutura nas escolas gera entraves no aprendizado, principalmente de acordo com o estágio em que essa criança ou jovem está. “Se o aluno estiver no começo da vida escolar, os equipamentos e o espaço têm um peso maior”, explica Neto.
Girlene Ribeiro de Jesus, também professora da UnB e uma das autoras da pesquisa ressalta que essa desigualdade na infraestrutura é recorrente em locais mais pobres. “As crianças que mais carecem dos recursos que apenas as escolas poderiam oferecer, por exemplo, uso da tecnologia, laboratórios, biblioteca, são justamente as que não possuem esse acesso”, completa.
A professora acredita que a situação contribui para que o trabalho pedagógico ocorra em um ambiente menos propício ao aprendizado, e, dessa forma, “a infraestrutura desfavorável serve para ratificar as diferenças socioeconômicas existentes em nossa população”.
Segundo Neto, quanto menor o público atendido pela instituição, menor a verba destinada a ela. Consequentemente, a infraestrutura acaba ficando mais defasada. Ele dá o exemplo de escolas rurais, que muitas vezes por serem menores e mais isoladas, “são mais deficitárias que colégios localizados na zona urbana”.
O pesquisador acredita que ter clareza em relação à infraestrutura necessária ao ensino é essencial. “Temos que aprofundar o que é adequado a cada uma das etapas da Educação e conseguir garantir o primordial a todas as escolas”.