Quem nunca, passeando pela rua, se deparou com um cachorro ou gato abandonado e desejou que esse animal encontrasse um lar? Foi esse sentimento que impulsionou os alunos da Escola Estadual Murilo Braga, localizada no centro de Porto Velho, a se mobilizarem para tornar esse desejo uma realidade.

Tudo começou com uma exploração pelo bairro ao redor da escola. Os alunos se separaram em vários grupos mistos, compostos por crianças desde o 3º ano do fundamental até jovens do 2º ano do ensino médio. O objetivo? Identificar no ambiente possíveis problemas e transformar o local em uma região melhor para se viver.

Escola pública em São Paulo está mudando sua realidade com uma receita simples: ouvir os alunos

Em uma dessas caminhadas, um grupo da manhã percebeu que havia muitos animais abandonados na região. Foi então que acionaram todos os outros alunos para imaginarem juntos o que poderia ser feito para ajudar os bichinhos. Os moradores do local também não ficaram de fora. “Eles entrevistaram as pessoas para indagá-las sobre o que eles podiam fazer”, conta Carmem Andrade, coordenadora de projetos na Murilo Braga. Assim surgiu a ideia de realizarem uma feira de adoção de animais na própria escola. O projeto levou o nome “Melhor que comprar uma vida, é salvar uma”.

A turma se juntou e todos elaboraram um plano de ação. A comunidade também se engajou. “Foi surpreendente para a gente porque as pessoas que foram entrevistadas trouxeram animais que encontravam abandonados” conta Carmem. Para que tudo fosse possível, os alunos também foram atrás de parceiros que disponibilizaram tenda e água para os animais no dia da feira. Os próprios estudantes divulgaram a ação buscando parceria com carros de som, fazendo cartazes, indo às ruas, em rádios, TV local e redes sociais. Todo o esforçou valeu a pena: a feira aconteceu em agosto de 2015 e foi um sucesso, recebendo muitos visitantes. Ao todo, 30 cachorros e 29 gatos ganharam um novo lar.

Engana-se quem pensa que os alunos pararam por aí. Para matarem as saudades dos bichinhos e certificarem-se de que eles estavam sendo, de fato, bem tratados, os estudantes estão, desde então, organizando visitas às casas das novas famílias. Nesta agenda está, por exemplo, o Batma, um gatinho que ninguém queria adotar no Petshop, por não ter uma das patinhas. Graças a esta ação, hoje ele tem um novo lar. Os animais que antes viviam na rua vulneráveis, agora recebem amor e carinho de seus novos donos. A mudança aconteceu também na vida dos alunos, que ficaram mais engajados, conscientes de que podem transformar a realidade ao seu redor. “Eles que foram atrás, os alunos são protagonistas mesmo, a gente achou muito interessante” finaliza Carmem, orgulhosa.