10 produtos que você consome e podem ser fruto de trabalho escravo
Pesquisas estimam que o Brasil pode ter 160 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão; cuidado com o que você consome
Segundo estimativas, há cerca de 160 mil brasileiros trabalhando em condições semelhantes à escravidão atualmente no país. Quem afirma isso é o Índice Global de Escravidão feito pela Fundação Walk Free, uma organização que coleta dados de 167 países relacionados a trabalho escravo moderno (entenda aqui a metodologia).
Ainda segundo o índex de 2014, os setores com o maior número de casos reconhecidos de trabalho escravo são a construção industrial, a agricultura e a mineração. Outros campos sensíveis são o turismo sexual no Nordeste e a exploração da mão de obra de imigrantes bolivianos em oficinas de costura.
O site HypeScience reuniu 10 produtos que a maioria das pessoas usa no dia a dia sem saber que eles podem ter algum tipo de trabalho escravo no processo de produção.
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1. Eletrônicos
Já ouviu falar de uma fábrica de produtos eletrônicos na China chamada Foxconn? Ela se tornou conhecida no mundo inteiro por ter instalado redes nas paredes exteriores de seus prédios para evitar que seus funcionários se suicidem para fugir das péssimas condições de trabalho. Não bastassem as violações trabalhistas, a empresa também é acusada de utilizar mão de obra escrava.
Várias gigantes da tecnologia utilizam ou já utilizaram os serviços da Foxconn durante a fabricação de seus smartphones, tablets e consoles de videogames. Muitos desses produtos circulam pelo mercado brasileiro.
2. Chocolate
Um dos alimentos mais consumidos do mundo, o chocolate, vem do cacau. O problema é que a maioria das grandes empresas que fabricam o chocolate obtém cacau das mesmas fontes, na Costa do Marfim e, por lá, há muitas denúncias de trabalho escravo e infantil.
O Brasil tem um enorme mercado consumidor de chocolate, mas a produção interna não dá conta de alimentá-lo em sua totalidade. Por isso, ao importar o produto corremos risco de financiar a escravidão na outra ponta do processo produtivo.
3. Borracha
A borracha está presente em muitos produtos e, na maioria dos lugares onde o látex é extraído, há regulamentações ambientais. Mas não trabalhistas. Muitas das pessoas que trabalham na extração do material podem estar sendo exploradas.
Na Libéria, na África, alguns seringais são controlados por ex-combatentes de guerras civis que tratam seus trabalhadores sob um regime violento similar à escravidão. A fabricante de pneus Firestone foi recentemente acusada de negociar com donos de seringais suspeitos de participarem desse esquema.
4. Maconha
Não é bem um produto de consumo massivo, mas também tem uso de trabalho escravo. Foi feita recentemente uma denúncia de que a maconha comprada no Reino Unido é resultado de um processo produtivo que explora crianças vietnamitas.
A reportagem “Children of the Cannabis Trade” revelou que traficantes convencem pessoas pobres no Vietnã a liberarem seus filhos para, supostamente, estudarem no Reino Unido. Na terra da rainha, o tráfico já é parcialmente comandado pelos próprios vietnamitas, que colocam as crianças para trabalhar.
5. Roupas
Basta abrir algum jornal para ver uma marca de roupas brasileira sendo denunciada por uso de mão de obra escrava. Como saber, então, em que lojas confiar? O preço pode ajudar. Quando uma roupa é muito barata, ela pode ter sido feita por trabalhadores explorados, principalmente da Ásia.
Claro que a exploração da mão de obra também pode ocorrer em marcas que cobram preços exorbitantes em seu vestuário, principalmente nas famosas fabricantes de roupas esportivas. Vale, então, ficar de olho nas denúncias e na origem das peças que você costuma usar.
6. Carvão
No começo desse ano, dezenas de trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão em diversas carvoarias no interior de São Paulo. O produto final desses locais abastecia grandes supermercados da capital e a operação visava informar aos compradores a origem daquele carvão.
Sete crianças e adolescentes foram flagrados entre os trabalhadores explorados. A operação foi realizada em Pedra Bela, Joanópolis e Piracaia. Ao todo, dez estabelecimentos foram fiscalizados e seis acabaram interditados.
7. Azeite de dendê
O óleo extraído da palmeira, que conhecemos pelo seu uso culinário mais comum como azeite de dendê, também pode ser usado como componente de produtos cosméticos e combustíveis. A indústria do óleo de palma movimenta mais de US$ 40 bilhões (R$ 107 trilhões, no câmbio atual) por ano e algumas das maiores empresas do ramo, como a Kuala Lumpur Kepong (KLK) são acusadas de utilizarem mão de obra escrava em suas plantações.
A contratação terceirizada de trabalhadores impede a eficácia da regulamentação e, em muitos casos, os trabalhadores das fazendas que conseguem fugir acabam denunciando condições trabalhistas semelhantes às da escravidão moderna.
8. Bolsas falsificadas
De acordo com a jornalista Dana Thomas, autora de “Deluxe: How Luxury Lost Its Luster”, a indústria de falsificações é milionária, global e, claro, conhecida por utilizar trabalho escravo.
Em um caso investigado por Thomas na Tailândia, em uma fábrica que fazia bolsas de grife falsificadas para consumidores ocidentais, os donos tinham quebrado as pernas das crianças para que elas parassem de pedir para brincar no pátio da fábrica.
9. Diamantes
Nas ultimas décadas, se organizou em países como o Zimbábue uma enorme operação de mineração de diamantes que a base de trabalho escravo imposto por militares. De acordo com a organização Human Rights Watch, o governo do país não tem interesse em regulamentar a extração, já que o próprio presidente Robert Mugabe lucra com a exploração.
10. Pornografia
O trafico e a exploração sexual de seres humanos são um problema real em várias partes do mundo – inclusive retratado pro novelas brasileiras. Nas últimas décadas mulheres de todos os continentes foram traficadas e usadas não apenas para a prostituição, mas também para a pornografia.
É difícil chegar a números reais sobre este ramo, já que todo o tráfico humano é ilegal. Mas, estima-se que milhões de pessoas sejam traficadas anualmente e que 80% delas são usadas para fins sexuais. Dessa parcela, o número que acaba aparecendo em sites de pornografia é incerto, mas pode ser alto.