Ação na Cracolândia foi higienista, afirma Conselho de Psicologia

Entidade classificou como "truculenta" e com "violações de direitos humanos" a ação do governo estadual e do municipal

22/05/2017 18:16

O Conselho Federal de Psicologia, em conjunto com o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, classificou como “truculenta” e com “violações de direitos humanos” a ação do governo estadual e do municipal na Cracolândia neste domingo, dia 21.

Ação de retirada de moradores da Cracolândia
Ação de retirada de moradores da Cracolândia

“A operação utilizou-se de mecanismos de asilamento e encarceramento realizando uma operação de higienização do território. Pessoas foram sitiadas, impedidas de circularem”, afirma o texto.

Segundo o conselho, a Guarda Civil Metropolitana impediu que organizações da sociedade civil acompanhassem a ação, que, afirma, descumpriu acordo com entidades de não utilizar a força policial em situações como essas. “Foram presas, aproximadamente 80 pessoas, entre elas 69 usuários, o que evidencia o propósito higienista frente à incapacidade e falta de interesse do poder público em enfrentar a questão de modo a tratá-lo como uma questão de saúde pública. Devemos ressaltar que, apesar da magnitude da ação deste domingo, ações com o mesmo caráter repressor têm sido recorrentes na mesma região.”

Além dos problemas citados pelo conselho, a ação de retirada dos moradores da Cracolândia com o uso da polícia provocou outra situação a ser avaliada: o abandono de cães de estimação. Moradores da região relataram ao Catraca Livre que a madrugada foi de muitos choros dos animais.

A ação

A prefeitura afirmou, por meio de nota, que está em “tratativas com empresas do segmento pet para viabilizar serviços e ações voltadas aos animais de rua. Durante a ação na região da Luz não houve solicitação de acolhimento de pessoas em situação de rua com animal de estimação”.

Sobre a ação, o poder municipal afirma ter acolhido 300 pessoas, que serão reencaminhadas para centros de acolhida. De acordo com a nota, 12 dependentes químicos foram internados voluntariamente e “até amanhã será montado um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) numa carreta _ nas imediações da rua Dino Bueno _, para oferecer tratamento ambulatorial, com capacidade de atender 80 pessoas por dia”.

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