Aluna denuncia machismo em apostila de cursinho de medicina

A instituição usou ilustrações e textos sexistas para explicar aos médicos como funcionam algumas doenças sexualmente transmissíveis

O material do cursinho Medgrupo, rede de preparo para concursos médicos em 123 cidades, se envolveu em uma polêmica nos últimos dias. Uma aluna da Universidade Federal da Bahia (UFBA) publicou na internet imagens com o conteúdo machista das apostilas da instituição.

“Comecei a utilizar alguns módulos do Medgrupo cedidos por colegas já residentes para estudar os conteúdos. No entanto, tive o desprazer de ser exposta a casos clínicos com comentários machistas e ilustrações que expõem o corpo feminino de maneira vulgar”, escreveu a estudante, que enviou um e-mail aos responsáveis.

Imagem usada na cartilha do cursinho

No livro “MED 2013: Síndromes de Transmissão Sexual”, o grupo usou ilustrações e textos sexistas para explicar aos futuros médicos como funcionam algumas doenças sexualmente transmissíveis.

Em um dos casos, uma menina com vaginose bacteriana é retratada em um desenho de uma mulher seminua com vários peixes em cima do seu corpo. Além disso, aparece um homem de nariz tampado devido ao “mau cheiro”.

“O último caso relata uma passista de escola de samba que era: ” charmosa, de muitos atributos e sempre disputada pelos gringos”. (turismo sexual?)”, completou a aluna.

Imagem usada na cartilha do cursinho
Imagem usada na cartilha do cursinho

A direção do Medgrupo enviou uma resposta à jovem e afirmou ser contra a “agenda do politicamente correto”. Veja o print abaixo:

Resposta do cursinho à estudante que questionou a apostila

O Catraca Livre tentou entrar em contato com a instituição e a aluna que divulgou o caso, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

  • Durante três meses, nossas repórteres apuraram histórias de abuso em consultas ginecológicas. De acordo com o levantamento, 53% das mulheres entrevistadas já sofreram abuso sexual ou moral no ginecologista. Leia a reportagem.