Alunas da Poli criam versão de ‘Survivor’ em luta contra machismo

O vídeo evidencia situações machistas e de abuso sexual dentro da Escola Politécnica da USP

  • “Você vai desistir”, “preta”, “mal amada”, “incapaz” e “estuprada”.

Estas são algumas palavras que as alunas da Escola Politécnica da USP escutam ou vivem com frequência no ambiente universitário. Nos últimos cinco anos, as mulheres representaram apenas 27% do número total de ingressantes na Poli.

Em luta contra o machismo, as estudantes dos cursos de engenharia fizeram um vídeo dublando a música “Survivor” (“Sobrevivente”), da banda Destiny’s Child. A versão foi feita em uma das provas do “Integrapoli”, uma tradicional gincana entre os oito centros acadêmicos e que reúne veteranos e calouros da instituição.

Durante as imagens, as jovens mostram objetos e apagam algumas palavras pintadas pelo corpo. O vídeo teve milhares de visualizações no YouTube e venceu a competição. Além das alunas, a vice-diretora da Poli, Liedi Bernucci, também aparece segurando um capacete de engenheira.

  • A música “Survivor” ganhou uma versão gravada pela cantora e atriz Clarice Falcão, que viralizou na internet no ano passado. Assista neste link.
Nas imagens, as alunas escrevem frases ou situações que já viveram na Poli

Ao Catraca Livre, a aluna e participante do vídeo, Mariana Vieira, de 19 anos, contou que a ideia era fazer algo que representasse as mulheres da Poli. “Escolhemos as cores preto e amarelo (do nosso centro acadêmico) e deixamos livre para que cada uma pudesse aparecer com um objeto que a representava ou escrever o que ela quisesse”, afirma.

“A experiência de escrever frases ou palavras que já ouvimos na nossa vida por sermos mulheres e depois apagá-las foi extremamente libertadora para todas”, completa. Além da libertação, o projeto gerou uma união entre as estudantes e ajudou a mostrar os tipos de machismo que elas vivem diariamente.

O vídeo questiona a violência contra a mulher e o preconceito na universidade

Sobre o machismo dentro da Escola Politécnica, Vieira diz que ele se dá em diferentes esferas. “Inúmeras vezes professores questionam a eficiência de um grupo composto apenas por mulheres, reforçam os estereótipos e a objetificação da mulher”, relata.

No caso dos alunos, a situação é semelhante. “Eles desprezam nossa capacidade acadêmica alegando muitas vezes que o professor nos deu boa nota apenas porque somos mulheres, nos acham inferiores e incapazes e reforçam ideias retrógradas como ‘mulher não pode trabalhar em obra'”, completa.

“Sem dúvidas o ambiente da Poli tem melhorado, isso nos dá força para continuar nossa luta e acreditar em uma Poli cada vez menos machista”, finaliza a jovem.

Assista ao vídeo:

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