Após massacre, Temer sugeriu meditação e repouso a policiais

Na última terça-feira, o desembargador Ivan Sartori anulou os julgamentos que condenaram 73 policiais militares pelo massacre. Ao votar pela anulação, o relator afirmou não ter havido massacre , “houve legítima defesa”

Neste domingo, o massacre do Carandiru completa 24 anos. E cinco dias após o episódio considerado pela ONU “uma das mais sérias violações aos direitos humanos”, o atual presidente Michel Temer era nomeado secretário de Segurança do Estado de São Paulo. Ao assumir o cargo, o novo secretário recomendaria ao comando-geral da Polícia Militar repouso e meditação para os envolvidos no extermínio.

À época, Temer disse à reportagem: “Os militares envolvidos em confrontos como os do Pavilhão 9 da Casa de Detenção, em casos de perseguição, cercos, tiroteios, merecem repousar depois de ações como essas e ser submetidos a tratamento psicológicos. O choque do dia-a-dia é uma tarefa ingrata e eles precisam de repouso e meditação. Vou recomendar ao comando-geral da Polícia Militar esse tratamento“.

Em sua gestão, Temer afirmava prezar por uma conduta policial sem excessos, sem nunca descartar a violência. “Se a polícia for recebida com violência ela usará os mesmos métodos, pois a toda ação deverá responder de maneira igual, é, claro, sem excessos”, disse.

Recentemente, ainda durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Temer relembrou sua atuação como secretário de Segurança. “Eu fui secretário de segurança pública duas vezes em São Paulo e tratava com bandido, então eu sei o que fazer com o governo.”

24 anos do maior extermínio televisionado da história 

Em 2 de outubro de 1992, a Polícia Militar de São Paulo invadiu o Pavilhão 9 da Casa de Detenção, durante uma rebelião. Para controlar os presos, a PM matou 111 presos. Os réus alegavam que os presos estavam armados. Eles foram condenados a penas que vão de 48 a 624 anos. Via Pragmatismo Político.