Candidatas trans relatam preconceito em Enem no Rio de Janeiro
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015, ‘a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira’, contrastou com o tratamento recebido por mulheres e homens trans que fizeram a prova no Rio de Janeiro.
Estudantes afirmaram que tiveram o nome social ignorado pelos fiscais, foram obrigadas a usar o banheiro de deficientes e ainda disserem que sentiram-se humilhadas.
Uma das 278 transexuais e travestis que o solicitaram o uso do nome social do Enem, a carioca Lara Lincon Milanez Ricardo, relatou que os fiscais do Centro Integrado de Educação Profissional 320, em Duque de Caxias, lugar em que fez a prova, não sabiam orientá-la sobre a assinatura na lista de presença – se devia ser como na identidade ou não e a deixaram constrangida.
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Quem também relatou a discriminação foi a estudante Tyfany Stacy. Ela afirmou ter sido humilhada por fiscais e encaminha para o banheiro de deficientes e não para o feminino, na Universidade Estácio de Sá, Campi Norte Shopping, na zona norte do Rio de Janeiro.
Já Barbara Aires, que realizou a prova na Estácio da Lapa, no centro da cidade, teve uma experiência diferente das colegas. Diz não ter passado por nenhum constrangimento, foi tratada corretamente pelos pronomes pessoais e pelo uso do seu nome social e conseguiu usar o banheiro feminino sem maiores problemas.
Porém, de acordo com ela, a lista de presença com o seus dois nomes – o de registro e o social – circulou pela sala desnecessariamente.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela aplicação das provas, não comentou os relatos de constrangimento.
Em nota à imprensa, afirmou que todas as ‘ocorrências’ na prova são relatadas em ata e analisadas, posteriormente, ‘caso a caso’. Perguntado quais critérios para inscrição com nome social, o instituto não respondeu.