Cozinhar é, para refugiados, geração de renda e elo com cultura
O Catraca Livre conta a história de quatro refugiados que vieram para São Paulo e trabalham com culinária
Depois de perderem casa, pertences, segurança e, em muitos casos, amigos e parentes, poder recomeçar é o primeiro grande passo para quem, de repente, se vê como refugiado num país estranho.
Nunca tanta gente esteve nesta situação. Dados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) revelam que, pela primeira vez, registrou-se mais de 60 milhões de pessoas deslocadas por guerras e conflitos no mundo. Atualmente, são 65,6 milhões, isso significa um aumento de 10% se compararmos com 2014, quando tínhamos 59,5 milhões de deslocados.
De acordo com os dados mais recentes, os países que mais geram refugiados (representando 54% do total) são Síria (com 4,9 milhões), Afeganistão (2,7 milhões) e Somália (1,1 milhão). Os que mais acolhem são Turquia (com 2,5 milhões de refugiados), Paquistão (1,6 milhão) e Líbano (1,1 milhão).
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No Brasil, até o final de 2016, tínhamos 10.418 pessoas reconhecidas como refugiadas, segundo o Conare (Comitê Nacional para o Refugiados), vindas principalmente da Síria, que vive uma guerra civil desde 2011. No ano passado, foram 35.464 pedidos de refúgio _ a maioria vinda do Senegal. O número de refugiados no país subiu 9,3%, e o de pedidos cresceu 23,6% em comparação a 2015.
Entre 2010 e 2015, a principal onda migratória para o Brasil vinha do Haiti, pós-terremoto que destruiu boa parte do país. O visto obtido por eles é diferente, o chamado “visto humanitário”, mas a situação, a mesma dos demais. Em outubro de 2015, tramitavam no Conare 43.871 processos de vistos humanitários para haitianos.
Esta onda diminuiu e deu lugar a outra: para fugir de uma crise política grave, venezuelanos estão vindo em massa, chegando pelo extremo Norte do país. De janeiro a maio deste ano, foram 3.971 solicitações de refúgio.
Buscar uma vida melhor é o que move a humanidade desde que ela surgiu e isso deveria ser mais bem compreendido, mas nem sempre é assim. Chegar a um país que não é o seu, em que você não tem referências nem fala a mesma língua são obstáculos vividos por quase todos os refugiados.
Por isso a importância de encontrar um trabalho e, enfim, começar uma nova vida. Uma alternativa comum a quem passa por isso é cozinhar e vender produtos de seu país natal. Por um lado, assegura a geração de renda e, por outro, é também uma maneira de se manter próximo de sua casa, de sua cultura.
A Catraca Livre conta a história de quatro pessoas (Basma El Halabi, Ghazal Al-Tinawi, Jair Rojas e Muna Darweesh) que enfrentaram obstáculos até chegar a São Paulo, se estabelecer e, cada uma à sua maneira, encontrou na gastronomia uma forma de recomeçar e construir novas recordações.
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