Documentário investiga relação entre incêndios de favelas e especulação imobiliária em São Paulo
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Em 2012, diversas favelas de São Paulo sofreram com incêndios que devastaram comunidades e deixaram milhares de pessoa sem teto.
O número de incêndios, o curto período de tempo e a localização dessas favelas em regiões de especulação imobiliária criaram um questionamento: seriam esses incêndios criminosos? Uma maneira rápida de retirar as pessoas para a criação de grandes empreendimentos?
Pensando em investigar a hipótese, César Vieira, Conrado Ferrato e Rafael Crespo, produziram e dirigiram o documentário Limpam com Fogo como TCC do curso de Jornalismo da PUC-SP.
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Após entrega do trabalho, os jornalistas querem finalizar o trabalho de maneira profissional e estão arrecadando fundos via financiamento colaborativo no Catarse. Clique aqui para apoiar o projeto.
“Quanto maior a valorização, mais incêndios”
Rafael Crespo, um dos diretores do documentário, conta que a primeira informação que chamou atenção do grupo foi que as favelas bem localizadas eram as mais atingidas pelos incêndios.
“Concluímos que não há mais políticas de remoção de favela, de modo que se faz necessário um fato social que obrigue a retirada daquela população de uma região valorizada da cidade. O incêndio é o principal catalizador deste processo de exclusão de comunidades pobres do centro expandido de São Paulo”, comenta o jornalista.
Ele utiliza a favela do morro do Piolho como exemplo. Segundo Rafael Crespo, o local sofreu três incêndios entre 2008 e 2012 e o bairro foi valorizado em 148,% no mesmo período. “Já na favela do Moinho, no Campos Eliseos, o bairro sofreu uma valorização de 271,1% entre 2008 e 2012. E também sofreu com três incêndios”, conta.
Para ele, a relação é clara: . “Foi evidente que, na gestão do Prefeito Gilberto Kassab, quanto maior a valorização do terreno em que existia uma favela, maior foi o número de incêndios que ali aconteceram”.
“Bancada do cimento”
Para Rafael Crespo, é um grande perigo a política ficar refém de empreiteiras – as maiores patrocinadoras de campanhas. “Em 2012, na CPI dos Incêndios em Favelas, quase todos os vereadores membros da comissão eram amplamente financiados por grandes empreiteiras. Se existe a ‘bancada evangélica’ em casas do legislativo, também temos a ‘bancada do cimento'”, disse.
A CPI foi finalizada com relatório inconclusivo. “Nossa pretensão é mostrar o que a CPI deixou de investigar. Infelizmente aquilo que era de desejo da população foi esmagado pelos interesses dos financiadores de campanha. As empreiteiras, hoje, mandam no Brasil”, concluí.