Ellen Page escreve carta-desabafo sobre podridão de Hollywood
Em meio a várias declarações de assédio que têm pipocado contra atores, diretores e produtores de Hollywood, a atriz Ellen Page escreveu uma extensa carta-desabafo sobre o que já passou e sofreu na indústria cinematográfica.
A atriz, indicada ao Oscar pelo filme “Juno” e conhecida por ser bastante ativista das causas LGBT, publicou o relato em sua página no Facebook nesta sexta-feira, 10. O texto fala sobre homofobia e assédio.
Entre uma das acusações listadas pela atriz de 30 anos está um caso de assédio que ela sofreu do diretor Brett Ratner, que a dirigiu no filme “X-Men: O Confronto Final”.
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“Você deveria transar com ela para que ela se descubra gay”, começa ela. A frase teria sido dita por Brett Ratner para uma mulher 10 anos mais velha que a atriz em um encontro do elenco e equipe antes da produção do filme da franquia X-Men.
“Eu era uma jovem adulta que ainda não tinha saído do armário”, escreve a atriz. “Eu sabia que era gay, mas ainda não sabia, vamos dizer dessa forma. “Me senti violada. Olhei para baixo e não disse uma palavra. Ninguém disse”, continua Page, que ainda revela ter ficado desconfortável com várias outras atitudes homofóbicas e machistas do diretor durante as filmagens do longa.
Além de suas próprias experiências, Ellen Page cita na postagem outras situações que aconteceram com colegas. Ela diz, por exemplo, ter se arrependido de ter feito o filme “Para Roma, Com Amor”, de Woody Allen, diretor que também já foi acusado de assédio, e menciona ainda os casos envolvendo nomes como Harvey Weinstein, Bill Cosby e Roman Polanski.
Sobra até mesmo para o juiz Clarence Thomas e o presidente Donald Trump. “Não vamos esquecer do cara que está sentado na Suprema Corte e do presidente dos Estados Unidos. Um é acusado de assédio sexual por Anita Hill, cujo testemunho foi desacreditado. O outro descreve com orgulho sua técnica de assédio a uma repórter de entretenimento. Quantos homens na mídia – os titãs da indústria – precisam ser expostos para que se compreenda a gravidade da situação e se exija a segurança e o respeito fundamentais que é o nosso direito?”, pergunta a atriz.
“Eu quero ver esses homens enfrentarem o que eles fizeram. Eu não quero que eles tenham mais poder”, declara Page. “Quero que eles parem e pensem quem são, sem seus advogados ao lado, sem seus milhões, seus carros incríveis, diversas mansões e status de fodões”.
A atriz finaliza a carta se dizendo grata a todas as pessoas que estão se posicionando contra situações de abuso e trauma. “Eu sou grata e a qualquer pessoa e a todas que se declaram contra o abuso e o trauma que sofreram. Você estão quebrando o silêncio. Vocês são a revolução.”
Confira o relato na íntegra (em inglês):
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